Agência Safras
Una, 08 de novembro de 2019 – Os preços do café no mercado interno podem apresentar uma alta mais significativa somente em 2021. É no que acredita o vice-presidente de relações institucionais da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Natal Martins. Ele falou em entrevista exclusiva à Agência SAFRAS durante o 27º Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que ocorre de 06 a 10 de novembro no Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba, no município de Una, na Bahia.
Em 2020, Natal Martins não acredita em altas representativas nas cotações porque a oferta ainda será muito boa, já que se espera uma grande safra no próximo ano no Brasil. Mas, com o amplo volume de exportações do Brasil e o consumo também forte e crescente, ele pondera que em algum momento haverá uma escassez da matéria-prima. “Só não sabemos precisar bem em qual momento”, colocou. Porém, crê em altas ao produtor em 2021 com uma safra menor que o país colherá dentro do ciclo bienal da cultura.
Falando sobre a situação atual das indústrias, Martins lembrou que o setor passou por uma grave crise iniciada em 2015 e que teve o ápice em 2016, chegando até a 2017. As indústrias se depararam com uma escassez de oferta e altos preços do café, com dificuldade em repassar esses aumentos no varejo. As margens despencaram. Houve uma quebra na safra de conilon do Espírito Santo e as indústrias tiveram de, em muitos casos, alterar seus blends utilizando arábicas de menor qualidade. Com as dificuldades financeiras, muitas indústrias foram absorvidas por outras empresas, e algumas ainda não se recuperaram totalmente até hoje.
Ele cita o exemplo da Café Canecão, em que ele atua como diretor comercial e de marketing. Entre agosto de 2016 e março de 2017, a Café Canecão teve três trimestres seguidos de prejuízo operacional, o que ele ainda não tinha vivido na empresa. Mas, a partir de abril houve recuperação e desde então já são 30 meses seguidos de lucro operacional, o que ele também ainda não tinha visto. A oferta de café melhorou, os preços baixaram, e as indústrias aos poucos foram recuperando terreno. Hoje o cenário é bem melhor, embora a crise econômica no país, com alto índice de desemprego, ainda seja um problema sério, que acaba afetando o consumo.
A competição entre as indústrias tem havido, os preços nas gôndolas caíram, mas o quadro geral é bem melhor após 2016/17. Natal Martins considera que o ano de 2018 foi excelente para as indústrias, sendo o “melhor ano” para a Café Canecão. Considera que 2019 está sendo um ano bom e acredita em um 2020 também bom para as indústrias. Observa que a queda nos juros no Brasil deve ajudar o setor industrial de café, podendo melhorar o capital de giro das empresas. “A tributação também melhorou”, conclui.
Fonte: Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS