Para encerrar a 28a edição do ENCAFÉ em grande estilo, o professor e historiador Leandro Karnal subiu ao palco do evento para falar sobre a capacidade de adaptação da humanidade e debater as mudanças e as consequências do mundo pós-pandemia. Referência em diversas áreas, como história, antropologia, sociologia e filosofia, o intelectual iniciou a palestra mostrando como o café está intimamente ligado à história e ao desenvolvimento do Brasil e como o item sempre foi um produto de imensa importância: “o grão foi essencial para a expansão de ferrovias, para o avanço da economia e para a transformação do nosso país”.
Em seguida, Karnal explicou que o ser humano está em constante mudança e que não é possível para qualquer tipo de profissional ficar fixo em um só lugar. Embora os valores sejam permanentes, as formas com que performamos o nosso trabalho e vivemos no dia a dia muda. Há 50 anos, temas como sustentabilidade e diversidade não eram pauta. Hoje, nenhuma empresa sobrevive sem integrar tais conceitos à sua realidade.
Mercado de trabalho e transformações sociais
Um dos pontos mais interessantes expostos por Karnal foi a necessidade que as empresas, sejam elas grandes ou pequenas, têm em adaptar-se às transformações que ocorrem no campo social. Um bom gestor, segundo o professor, é aquele que percebe essas mudanças e se esforça para acompanhá-las. A figura do líder precisa ser a de um incentivador.
“No mundo de hoje, não existem mais formados. Todos somos eternos formandos. O mundo é o mundo da inteligência, do conhecimento. Esse é o nosso tempo e ele exige uma revolução produtiva. Quem fica preso ao passado e repete a ideia de que no seu tempo era melhor, está fadado ao fracasso. Ao invés de reclamar do mundo, é melhor pensar como essa oportunidade pode ser benéfica para o seu negócio”, explicou.
Outra dica importante para os empreendedores é saber distinguir o valor de cada um dos seus colaboradores e entender a diferença entre as soft skills e as hard skills, bem como a percepção de valorizar mais a primeira. Hard skills são aquelas habilidades que podem ser ensinadas e aprendidas, o que transforma um profissional em um técnico. Aprender a mexer no computador, em planilhas e falar inglês, por exemplo, são hard skills. Já as soft skills são aquelas habilidades que têm a ver com o caráter e o desenvolvimento pessoal do profissional, como a capacidade de manter o respeito e tratar a todos com educação, a boa convivência com os colegas de trabalho e a contribuição para a manutenção de um ambiente saudável.
O dilema das redes
Karnal finalizou a sua participação pedindo atenção de todos para as redes sociais e a forma como elas pautam o nosso cotidiano. Embora elas possuam vantagens, como o encurtamento de distâncias, e sejam eficientes para o marketing pessoal, o uso precisa ser acompanhado de uma autopercepção de qualidade. Alterar a realidade é um exercício bastante prejudicial e, se seguirmos assim, será a vitória dos filtros e das narrativas.
A capacidade de desenvolver pensamento crítico e não aceitar tudo o que é dito sem a utilização de um filtro racional revela-se uma forma inteligente de atravessar tempos em que todos são especialistas em algo. “Não sigam alguém cegamente. Eu estudei muito, mas eu não sou o dono da razão. Eu não sei em que momento o seu calo aperta. Ouçam tudo o que as pessoas dizem, mas selecionem e adaptem sempre. Tenham pensamento crítico”.
Por fim, o professor afirmou que a realidade é o que é, e, para enfrentá-la da melhor forma possível, somente degustando um bom cafezinho!
Encerramento
Para concluir o ENCAFÉ em grande estilo, o Senador Marcos Rogério (PL-RO) foi convidado ao palco para enaltecer o evento. Em seu discurso de agradecimento, Rogério se mostrou disposto a lutar em prol do setor no Senado Federal e afirmou a todos os industriais presentes que eles podem contar com o seu apoio. “Estou muito feliz em participar do ENCAFÉ. Agradeço muito a ABIC e a todos os membros da cadeia produtiva do café”.
Pavel Cardoso, Presidente da ABIC, foi o responsável por fazer o discurso de final. Emocionado, o Presidente destacou os desafios de organizar um evento tão grandioso após dois anos de pandemia: “Ter a chance de nos reconectarmos após dois anos afastados é maravilhoso. Trouxemos muitas informações e conteúdos relevantes para o setor, o que é bastante satisfatório. Saio com a sensação de que podemos valorizar ainda mais o café nacional, responsável por 40% da produção mundial”.
Pavel destacou ainda a participação record na 28a edição do ENCAFÉ e agradeceu a todos os expositores, que, segundo ele, foram essenciais para o sucesso do evento. Para aqueles que já estão curiosos sobre o próximo ano, ele revelou que o resort Vila Galé, localizado no estado de Alagoas, sediará o encontro em 2023.
Nos vemos lá!
Redação: Usina da Comunicação