A abertura do segundo dia do 30º Encontro Nacional da Indústria de Café (ENCAFÉ), organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e com patrocínio do SEBRAE, foi com a especialista em Marketing 360, Adriana Andrade. Com 10 anos de experiência em grandes eventos, ela contou sobre o “Marketing e Logística no Sucesso das Corridas de Fórmula 1”. Você deve estar se perguntando, mas o que a F1 tem a ver com o universo cafeeiro? A robusta estrutura, a logística e a produção dessa modalidade trazem ricas lições para a cadeia produtiva do café.
Sustentabilidade em foco
Em seguida, Nelmara Arbex, Sócia-líder de ESG da KPMG, apresentou o painel “Desmistificando o ESG”. Em sua explanação, ela explicou que as questões sociais, ambientais e éticas estão presentes em nosso cotidiano, inclusive, em todas as etapas da cadeia de café.
“O ESG importa porque o contexto em que os negócios são feitos mudou, e saber cuidar destes temas prepara a liderança para ser bem-sucedida no futuro. As mudanças climáticas alteram a oferta e a gestão de recursos hídricos, por exemplo. Além disso, todos os grupos sociais querem e precisam fazer parte do negócio, e a cadeia de negócios precisa se adequar. Quando falamos de condições de trabalho, falamos do ‘S’, que é o social, já ao tratar dos recursos hídricos envolvemos o ‘E’, de “environment” (em português, meio ambiente)”, comenta.
Tendências de varejo no Brasil
Outro tema de extrema relevância foi abordado no auditório principal desta edição: o varejo. João Galassi, Presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), e Márcio Milan, Vice-Presidente Institucional e Administrativo (ABRAS), trataram das “Tendências do varejo no Brasil”.
Os profissionais traçaram um panorama dos aumentos sofridos nos últimos meses e reforçaram a importância do café na cesta básica da população. “Apesar das frequentes altas enfrentadas, o café tem uma importância na vida dos brasileiros a ponto de eles fazerem substituições, mas, não, deixarem de consumir o café. O mais importante é mantermos a qualidade e a essência do que é o café brasileiro e informar os consumidores que eles estão consumindo um item de qualidade produzido pelos cafeicultores brasileiros. Quanto mais trabalharmos juntos, mais beneficiaremos todos nós”, afirma Milan.
Além disso, Galassi fez um apontamento a fim de despertar a reflexão dos convidados. “O nosso objetivo é ampliar a área de bem-estar e saúde dentro dos supermercados através das categorias de remédios sem receitas e de suplementos. Mas, como isso se relaciona com o café? E eu pergunto: ‘Por que o pré-treino que usa cafeína não tem o selo ABIC?’”, indaga.
Perspectivas para o mercado de café
As perspectivas para o mercado de café foram assunto no evento. Guilherme Morya, Analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil – com foco no mercado de café, e Carlos Santana, Vice-Presidente da ACS (Associação Comercial de Santos) foram os palestrantes.
Santana apontou os países com maior crescimento de importação de café de 2016 para cá: China, Turquia, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Jordânia. Vale destacar fatores em comum: aumento da renda disponível e da vida urbana tendem a estimular o consumo de hábitos ocidentais e demografia jovem, populações mais novas e conectadas globalmente estão mais expostas a tendências internacionais por meio das redes sociais e das viagens. O café e as cafeterias se tornaram símbolos de estilo de vida.
Visão da produção e da indústria para a safra 2025
O ENCAFÉ 2025 também foi palco de um encontro entre FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) a fim de debaterem cenários e perspectivas.
O Diretor Executivo da ABIC, Celírio Inácio, salientou a relevância de dialogar sobre questões que envolvam os produtores. “Tê-los aqui é um orgulho muito grande. É importante frisar, há bastante tempo esse evento deixou de ser da indústria. Todos os stakeholders que trabalham no café estão presentes. Cada um almeja o melhor para seu setor, mas sempre com respeito ao que é necessário ao todo. A ABIC sempre se prontificou a ser um elo na cadeia. Sempre falamos, da planta à xícara”, afirma.
Levantamento aborda dores da indústria
Leandro Paiva, Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), apresentou uma pesquisa a respeito das principais frustrações da indústria cafeeira. Ao todo foram mais de 80 empresas participantes, incluindo pequenos e médios industriais. “Houve um apelo muito grande na questão de tecnologia, automação de processos, capacitação de mão de obra e altos custos”, destaca o professor.
Dentre os desafios para desenvolver novos produtos nos segmentos de torrado e moído foram abordados: o alto custo dos insumos, a dificuldade de incorporar tecnologias e a falta de equipamentos especializados. Já relacionado às etapas do processo de produção de café, muito se falou no problema logístico, no processo de torrefação e nas embalagens. “Quando questionados sobre onde investir, os industriais responderam: automação de processos, melhoria de tecnologias de processos, entrada de inteligência artificial (IA), trabalho com banco de dados para otimização de processos e soluções de monitoramento foram alguns dos exemplos”, finaliza.
Mulheres do Café: liderança e empreendedorismo
O ENCAFÉ realizou, mais uma vez, uma palestra 100% voltada para as mulheres. Na ocasião, Anna Carolina Viana, CEO da Café Moinho Fino, Fundadora do Comitê ABIC Mulheres no Café e Vice-Presidente de Planejamento e Exportação da ABIC, Mariselma Sabbag, CEO da Renovo Cafés Especiais e Presidente da IWCA Brasil (Aliança Internacional das Mulheres do Café – Brasil), e Renata Silva, integrante do Setor de Inovação e Tecnologia da Embrapa Alimentos e Territórios e idealizadora do Movimento das Mulheres do Café de Rondônia compartilharam suas experiências, desafios e conquistas, mostrando como as mulheres estão transformando o mercado do café. A mediação foi de Claudia Abreu Campos, Fundadora da Usina da Comunicação e consultora de Diversidade e Inclusão.

“Atualmente, são 17 mil mulheres numa aliança, numa conexão, tratando sobre café. Dentro da IWCA Brasil temos traders, baristas, produtoras. As mulheres que se tornam empreendedoras precisam buscar as oportunidades a fim de exercerem suas funções de forma genuína e integral. Desejo que a gente junte inúmeras outras mulheres nessa iniciativa”, relata Mariselma.
Já Renata compartilhou a sua história. “Em 2017, eu fui convidada para escrever o capítulo de um livro sobre as mulheres no café e eu não tinha dimensão da participação delas no setor. Esse momento foi uma virada de chave na minha perspectiva, um ‘despertar’. A partir disso, através da ICWA conseguimos fornecer acesso ao conhecimento, visibilidade, reconhecimento, oportunidade, inspiração e multiplicação a tantas outras mulheres envolvidas na área”.
Claudia fez uma reflexão a respeito do tema. “O assunto de gênero, posicionamento da mulher nos negócios, nas organizações e, consequentemente, no café, não é assunto, exclusivamente, da mulher, é da sociedade.”
O encontro marcou a assinatura do termo de parceria entre a ABIC e a IWCA, o que viabiliza troca de conhecimento entre as instituições. Haverá, inclusive, a criação de um banco de dados de produtoras mulheres. Além disso, Anna Carolina mencionou o lançamento do Coffee 4.0, marca de cafés especiais, cultivado por mulheres para homenagear aquelas que romperam barreiras e inspiram até hoje.
Competição em andamento
Em paralelo, as competições do 3º Campeonato Brasileiro de Blends de Café avançaram. Agora, temos os talentos definidos em cada categoria para a segunda fase da etapa Campinas/São Paulo. Em “Estilo Gourmet”, Elder Caetano Oliveira Júnior, da Nuance Araguari, Luiz Henrique Araújo Oliveira, da Café Forte de Minas, e Pedro Mestrinier, da Cocacer disputam a vaga. Já em “Estilo Superior”, temos Vladimir Eugenio de Souza, da Vlad Café Torrefação Artesanal Ltda., e Ivan Carlos de Santana, da Café Goulart. Por fim, em “Estilo Tradicional”, temos as competidoras Larissa Emanoela Rinco, da Horlando Agro Coffee Ltda., e Michele Loreto, da GlobalWAY. No fim do dia, apenas dois talentos passarão para a grande final.
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