Segundo dia de programação do ENCAFÉ expande as visões da Indústria

Palestras do ENCAFÉ abordam horizontes para além da cafeicultura

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Imagem: Juliana Bizzo
26/11/2022
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No segundo dia dos trabalhos da 28ª Encontro Nacional do Café (ENCAFÉ), os participantes acompanharam palestras sobre novidades do mercado de café solúvel, o futuro do marketing e do varejo e, também, detalhes sobre a Portaria 570. Na parte da tarde, a percepção de qualidade pelo consumidor e o cenário do mercado internacional foram os temas das conversas.

Confira os destaques deste segundo dia de evento.

[28ª ENCAFÉ dá início a sua programação]

ABICS apresentou a metodologia sensorial do café solúvel

Dando início às atividades, Aguinaldo Lima, Diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), e Eliana Reivas, Engenheira de alimentos e consultora da Associação, apresentaram o método pioneiro  de análise sensorial do café solúvel, inovação que tem chamado atenção do mundo. Lima comentou haver uma grande surpresa no mercado internacional sobre as novidades do solúvel brasileiro.

Aguinaldo Lima (Imagem: Guilherme)

Reivas explicou que o processo de idealização dessa originalidade começou em abril de 2019, quando a ABICS reuniu um grupo de estudo estimulado pela seguinte pergunta: é possível o café solúvel ter uma avaliação similar ao café torrado? A resposta encontrada foi positiva, e entre os diferentes tipos de produtos foram encontradas propriedades distintas, capazes de serem classificadas.

Ao todo, foram definidos 15 atributos, como doçura, amargor, corpo, acidez e outros. Os provadores classificaram tais atributos em uma escalda de 0 a 5. Dessa maneira, três categorias de solúvel foram criadas: 1) de excelência, os mais complexos, 2) os diferenciados, com características mais equilibradas, e 3) convencionais, os com baixos índices de amargor e acidez.

Walter Longo apresenta o futuro do marketing

Na segunda palestra do dia, o publicitário e administrador de empresas Walter Longo conversou com os presentes sobre o futuro do marketing. Na visão do especialista, estamos, finalmente, saindo da “Idade Média”, onde a comunicação trata o público de maneira massificada, sem a devida segmentação, para a “Idade da Mídia”, onde os consumidores devem ser vistos de maneira mais individualizada: “É preciso ter coragem de enfrentar paradigmas. Mudança é o único estado permanente e muitas práticas devem ser revistas”, afirmou Longo.

Walter Longo (Imagem: Guilherme)

Em sua fala, ele apresentou a ideia de Aducation, a combinação entre advertising (propaganda) e education (educação): “Educar o consumidor se tornou necessário. Toda empresa no futuro será educadora, um agente de transformação”.

Participantes acompanharam palestra sobre Portaria 570

No discurso de abertura do evento, Pavel Cardoso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), mencionou a importância da Portaria 570 para o setor, e neste segundo dia, ela ganhou seu momento no palco. Felipe Moreira, Advogado da ABIC, apresentou os pormenores da legislação, que entrará em vigor a partir de janeiro de 2023. Ele explicou que, antes da Portaria, não existia um procedimento legal para combater de modo mais efetivo a fraude no setor de café torrado e moído, questão que o texto procura sanar.

Foi reforçado que a Portaria é uma construção do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) em conjunto com a ABIC, cujos esforços foram concentrados em trazer os parâmetros do texto para o mais próximo da realidade do setor, e ajudar a indústria como um todo: “Essa medida irá abrir ainda mais portas para o café brasileiro no mercado internacional, pois muitos países pedem uma legislação de qualidade específica para o produto”, declarou Moreira.

Dr. Felipe Moureira (Imagem: Juliana Bizzo)

Moreira ainda chamou a atenção para a necessidade das empresas contarem com classificadores específicos. Uma das possibilidades é ter classificadores internos e laboratórios próprios para a definição dos atributos, conforme exigência da Portaria. Moreira releambra que, em outubro, a ABIC formou a primeira turma desses profissionais, em parceria com o SINDICAFÉ-MG, e comenta que há mais cursos sendo planejados. As torrefadoras poderão utilizar os classificadores da ABIC em seus processos produtivos.

Confiança e parceria entre a indústria e o varejo são a chave para o sucesso 

Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, destacou, durante a palestra “O Supermercado do Futuro e o impacto para a indústria”, a relação entre a indústria e o varejo como ponto principal para o sucesso de ambos. Apesar do segmento estar em constante mudança, tais transformações beneficiam a integração e a cooperação entre o mercado. 

“Tenha cultura de dados compartilhada. Ganhe a confiança do varejista pois, hoje, a mentalidade do varejista já está mais preparada para receber a indústria e para compartilhar dados de vendas, e todas as demais informações necessárias. Agora, o comprador atende e escuta o vendedor. Mas, para essa relação acontecer e ser bem-sucedida, é preciso oferecer algo para o varejista e ter um Joint Business Plan (JBP) extremamente estruturado”, indicou Queiróz.

Fábio Queiróz, presidente da ASSERJ (Imagem: Juliana Bizzo)

O profissional destacou, ainda, três fatores que fazem essa relação acontecer: 1) a saudabilidade da margem, quando é apresentado para o varejista quanto o seu produto vai agregar valor ao estabelecimento. 2) O volume: esse produto realmente irá vender no negócio ou ficará empacado no estoque? E, por fim, o 3) as ações de trade marketing que serão feitas, que precisam estar alinhadas com os valores da sociedade, para encantar os consumidores dentro das lojas e gerar mais vendas. 

Celírio Inácio, Diretor executivo da ABIC, questionou Queiróz sobre a falta de preparo profissional dos compradores quando o tema é café. “É perceptível que os compradores não têm o mesmo profissionalismo para o alimento, como têm para os demais itens do varejo. Parece que não houve essa mesma evolução. Dentro da sua visão, há tempo de mudar isso e como fazer para acontecer?”, indagou.

Celírio Inácio (Imagem: Juliana Bizzo)

“Aqui no Rio de Janeiro a guerra de preço pelo café é absurda. A maioria dos compradores de supermercados, hoje, está preparada para que vocês tenham uma conversa diferente tal qual tivemos aqui. É uma verdade absoluta que o café é um grande atrativo e que vocês podem explorar de uma forma ainda melhor, com mais vendas incrementais e mix de produtos relacionados, por exemplo. Não percam de vista o valor que o café tem, pois ele é muito importante para o varejo. É preciso focar em sair da briga de preço e fazer mais ações dentro das lojas. O Dia Nacional do Café é um bom momento para realizar degustações e entregar experiências para os consumidores dentro dos supermercados. Me proponho a ajudar a indústria do café a montar parcerias com os nossos associados para falarmos mais do valor do que do preço do café. Digo e repito, a nossa única defesa hoje é a saudabilidade das margens”, respondeu o presidente da ASSERJ. 

Percepção de qualidade é discutida no palco

Giuliana Bastos, pesquisadora do São Paulo Coffee Hub, levou ao centro de convenções do Grand Hyatt a pesquisa “A identificação do perfil do consumidor de café que busca por qualidade”, que traz a visão de 5.460 apreciadores e apreciadoras de café sobre o produto, com mais de 180 mil respostas. Vale lembrar que o estudo é o maior já realizado sobre consumo de café no Brasil.

A investigação mostrou a percepção dos diferentes produtos do universo cafeeiro entre três grupos distintos de consumidores de café: o público geral, entusiastas e especialistas. Os dados mostraram que o café torrado e moído é o mais consumido, seguido do moído na hora, e o atributo aroma foi identificado como o mais importante na hora da compra.

(Imagem: Juliana Bizzo)

Para acompanhar essa tendência, Camila Arcanjo, Coordenadora do Centro de Preparação de Café do Sindicafé-SP, informou que a ABIC está atualizando seus métodos de avaliação, de forma a melhor comunicar esse atributo para os consumidores, mas o desafio é entender, especificamente, quais as características dessa propriedade são mais percebidos pelos compradores.

Apex Brasil mostrou seus serviços aos industriais.

Encerrando as apresentações do dia, Pedro Henrique Netto, Analista de inteligência de mercados da Apex Brasil, agência de exportações, dissertou sobre os serviços no catálogo da empresa, para ajudar industriais a levar seus produtos para o exterior. A entidade oferece um mapa de oportunidades, mostrando quais países necessitam de quais comoddities, além de uma série de estudos sobre questões regulatórias, onde as empresas podem entender melhor, por exemplo, as medidas sanitárias requisitadas por cada nação.

Pedro Henrique Netto (Imagem: Juliana Bizzo)

Redação: Usina da Comunicação

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