No dia 24, Roberto Rodrigues, Ex-ministro da agricultura e engenheiro agrônomo, palestrou no 28ª Encontro Nacional do Café (ENCAFÉ), o maior evento da indústria cafeeira realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).
Em sua apresentação, intitulada “O Brasil e o Agro”, Rodrigues colocou toda a experiência de uma vida dedicada ao setor, que ele aponta ser mais importante que nunca. Na introdução, o agricultor abordou a questão geopolítica, pois, em sua visão, o mundo encara um novo momento de bipolaridade, entre a China e o Ocidente: “Estamos entre esses dois mundos, e essa posição nos coloca em um momento importante”. O palestrante aponta ainda que a colaboração deu lugar à competição no cenário mundial, trazendo ainda mais complexidade para as relações entre nações.
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O ponto central da palestra foi a importância do agronegócio brasileiro, não só internamente, mas também globalmente, pois segurança alimentar se tornará mais importante do que nunca, por ser uma das garantias da estabilidade política de um país. Nesse sentindo, o Brasil é peça chave para o assunto: “Somos o único país tropical capaz de abastecer o mundo com comida de maneira sustentável. Não só isso, mas usar essa força para trocar conhecimento, tecnologia, toda expertise necessário nesse setor”. Além disso, o agrônomo apontou que o país também pode exportar energia, pois 44% da nossa matriz energética é renovável.
Agro brasileiro pode crescer ainda mais
Rodrigues foi enfático ao discursar sobre o crescimento constante do agro brasileiro e o papel da tecnologia nesse movimento: “Desde o governo Collor, nossa produção de grãos tem aumentado anualmente, chegando a mais de 400%. Isso está na conta do investimento feito em tecnologia, em parceria com entidades como o EMBRAPA, que permite uma plantação mais produtiva, mas sem necessariamente utilizar mais terra, o que preserva os solos”.
Foi reforçado a importância econômica do setor, representante de 27,4% do PIB brasileiro: “O saldo comercial do Brasil é salvo por esse setor. Nossas exportações, em 20 anos, cresceram seis vezes, chegaram a R$ 120 bilhões em 2021”. Mas, ainda há espaço para crescer e, para Rodrigues, isso depende de três fatores: “Tecnologia, área plantada e pessoas, e nós temos os três. O agro brasileiro é jovem, vejo em vários eventos pelo país novas lideranças surgindo. Nunca fui tão otimista pelo nosso futuro”.
Desafios a serem encarados
Mesmo com boas perspectivas, Rodrigues destacou também sobre alguns obstáculos, como deficiências na infraestrutura do país, que atrapalham a eficiência do escoamento de produtos: “Em alguns lugares, temos somente um ponto de transporte, ou seja, qualquer problema atrapalha toda a cadeia”.
Mas, o ponto focal foi a sustentabilidade. O palestrante afirmou que, sem atenção à pauta, o mercado será perdido. Ele reforçou a necessidade de combater crimes ambientais: “Todos os problemas que temos com esse tema está ligado à ilegalidade. Precisamos fazer cumprir as leis, como o código florestal, não podemos mais permitir queimadas ilegais”. Ao concluir a apresentação, o agrônomo fez um apelo para todo setor: “É necessário espalhar a qualidade do café brasileiro para todo o mundo, não só internamente, para a cafeicultura ter o destaque que merece.”
Redação: Usina da Comunicação