Também ministrado pela química Camila Arcanjo, o curso sobre a qualidade dos cafés tradicionais apresentou detalhes técnicos sobre as diferenças da bebida dentro da categoria tradicional do Programa de Qualidade do café ABIC. Para tanto, abordou opções possíveis na composição de blends para a categoria.
“Trabalhar com o café tradicional dá trabalho, do mesmo jeito que dá trabalho fazer um blend do tipo especial. Porque se você quer fazer algo bem feito vai ter que ter cuidado, estudar e se atentar aos detalhes”, disse Camila já no início do seu workshop. Com a sala cheia, ela apresentou informações relevantes para a indústria, mostrando opções viáveis para a produção de cafés tradicionais que atendam padrões de qualidade exigidos pela lei, valor reduzido e bom sabor. Como opção para a composição do blend, Camila apresentou as matérias-primas grinder, bica corrida e fundo 12, detalhando os benefícios e cuidados necessários a cada uma.
Apesar de um aumento na demanda por cafés especiais, em algumas regiões do país a população foca sua busca pelos tradicionais. Camila instigou os participantes a refletir o por quê de tal escolha. “Buscam isso por não ter acesso? Por acharem caro, ou por quê? Vocês já pensaram em perguntar”, indagou, levantando a importância da pesquisa para entender o que o consumidor quer. A maioria dos participantes apontou que apenas realizava pesquisa de preço, mas nunca efetivamente parava para ouvir diretamente do consumidor suas necessidades. “Vocês, que já têm degustadoras atuando nos supermercados, podem aproveitá-las para conversar com os consumidores, para tentar entender o que acham do seu produto, o que eles pensam e esperam”, recomendou.
Ao apresentar as opções em matéria-prima, Camila salientou a importância do estudo da composição de um blend que atenda a qualidade mínima exigida, um valor de mercado interessante e, mais do que isso, um sabor sem igual. Após explicar sobre as qualidades e defeitos de cada um, assim como seu preço, Camila propôs então um exercício prático, em que cada participante deveria montar um blend de café usando tais matérias-primas. Muitos dos participantes apresentaram blends parecidos com alguns já trabalhados pela palestrante.
Foi aberta então a prova de alguns dos blends sugeridos e já estudados por Camila, colocando em teste o paladar dos participantes. “A mudança no blend do café tradicional quase nunca é notada pelos consumidores, já que a maioria deles não está acostumada com o paladar do gourmet, e não possui atenção e foco às nuances da bebida – que, neste caso em que trabalhamos com os tradicionais, tem sempre como resultado uma bebida dura”, finalizou.