Não é café pequeno

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05/11/2019
Publicado em

O setor cafeeiro se alia à cadeia plástica atrás de uma embalagem flexível mais em linha com a economia circular

Café moído e torrado periga perder qualidade pela exposição ao oxigênio do ambiente. Seu aroma também corre risco de enfraquecer por sua permeação pelo material da embalagem. Por essas e muitas outras, o acondicionamento de café moído e torrado transcorre em sacos flexíveis com vácuo compensado, de baixa permeabilidade ao vapor d’água e ao oxigênio provida por filmes metalizados e laminados munidos de soldagem hermética. Ocorre que a economia circular, ao renegar embalagens não reutilizáveis e de reciclabilidade complexa, ordena a repaginação em regra dessa bem sucedida solução plástica para café. A Associação Brasileira de Café (ABIC) já embarca nesta aventura, confirma na entrevista a seguir Ianos Mueller, vice-presidente de pequenas e médias empresas (PMES), meio ambiente e sustentabilidade da entidade.

Mueller: no rastro de uma embalagem mais fácil de reciclar.

1) A economia circular repudia embalagens de uso único e de reciclagem complexa, caso das flexíveis multimaterial consolidadas em café moído e torrado. Como a ABIC encara a sobrevida dessa embalagem?

A ABIC tem realizado diversas ações junto aos stakeholders da cadeia do café.  Diversas reuniões têm sido feitas com institutos de pesquisa, startups, transformadores de plástico e produtores de embalagens, buscando de forma colaborativa o desenvolvimento de embalagens com viabilidade técnica e econômica.

2) Outro senão ambiental de qualquer embalagem flexível pós-consumo é a dificuldade de sua coleta, inclusive por serem mais leves que embalagens rígidas, sendo menos valiosas aos olhos dos catadores. Para a postura sustentável da ABIC, isso constitui ou não um ponto vulnerável dessas embalagens utilizadas para café moído e torrado?
A dificuldade na coleta está relacionada com as embalagens para alimentos, pois não existe coleta seletiva efetiva na maioria dos municípios brasileiros. De acordo com pesquisa divulgada em 2017 pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 30% dos municípios não existem ações de coleta seletiva e, em muitos outros, este trabalho não abrange toda a área urbana. Todos os envolvidos no processo têm responsabilidade compartilhada e cabe a cada um fazer sua parte para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos seja implantada, permitindo que somente o que for rejeito chegue ao aterro sanitário.
A ABIC acredita que a sua contribuição no âmbito ambiental se dá por meio da conscientização. Tem abordado o tema em conteúdos em newsletters para associados, em posts e campanhas de orientação para consumidores em suas redes sociais e no site da ABIC.

3) A ABIC está contatando o setor plástico para avaliar a possibilidade de ajustes na estrutura dessa embalagem flexível de café moído e torrado aos princípios da economia circular, de modo a facilitar sua reciclagem?
Realizamos reuniões com transformadores de plástico em busca do desenvolvimento de embalagens que atendam as mesmas funções das embalagens existentes no mercado para cafés torrados e torrados e moídos. O desafio é desenvolver uma embalagem que tenha viabilidade técnica e econômica.

A ABIC também participa da Rede de Cooperação para o Plástico, uma iniciativa que desde abril de 2018 reúne todos os elos da cadeia produtiva estendida do plástico, atuando de forma integrada em busca do desenvolvimento da economia circular. Estão presentes no grupo produtores de matéria-prima, transformadores, empresas de varejo, cooperativas, gestores de resíduos, recicladores e indústrias de bens de consumo.

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