Mulheres marcam presença no setor do café

Em um setor marcado pela imagem masculina, a presença feminina em todas as etapas da cadeia produtiva aumenta cada vez mais

Mulher no setor cafeeiro
08/03/2022
Publicado em

Pense em uma plantação de café, na colheita, na torrefação, no preparo, nas pessoas que compõem esses espaços. São grandes as chances de você ter imaginado um cenário formado, em sua maioria, por homens, afinal, a imagem do agricultor, do fazendeiro e do industrial, possui uma conotação muito masculina em nossas mentes.

Mas, pouco a pouco, esse quadro está mudando, com a presença feminina se tornando mais forte no setor. A mulher também está presente na indústria, na colheita e no laboratório, ou seja, em todos os estágios da cadeia de produção.

Mulheres no setor cafeeiro

Tahiana Silveira, industrial do meio cuja a empresa Moinho Petinho atua há 57 anos no mercado, faz parte desse mundo desde cedo, pois sua família faz parte do ramo. De acordo com ela, o mercado tem se tornado mais aberto para as mulheres. “Há quatro ou cinco anos, nos cursos de especialização que fazia, a presença masculina era majoritária. Mas,observo muitas mudanças nesse sentido, com cafeterias gerenciadas por mulheres, torras e colheitas feitos por mulheres, então, aconteceu uma evolução gigante da presença feminina não só no café, mas no agronegócio como um todo.”

Tahiana Silveira

Mesmo com esses avanços, Tahiana Silveira reconhece que há necessidade de se mostrar mais mulheres envolvidas com o segmento “devemos valorizar mais a imagens de mulheres na parte da colheita, torra e afins, mesmo que ainda seja um pequeno número, elas existem, e estão junto com os homens nesses momentos também.”

Tal visão é compartilhada por Ediana Capich,  produtora da região das Matas de Rondônia, inclusive, campeã do 18º concurso ABIC Origens. Assim como Tahiana Silveira, o café faz parte da vida de Ediana Capich, desde sua infância, com os pais a criando em meios as lavouras de café, e o principal obstáculo encarado por ela em sua carreira foi a falta de reconhecimento pelo seu trabalho. “Por ser mulher sempre me deram pouco crédito”, afirma a profissional, “acredito que seja muito importante, realmente, mostrar o trabalho feminino, que sempre existiu, mas é pouco divulgado”.

Ediana Capich

Outro desafio encarado é a necessidade de ter de provar a competência  aos pares masculinos, “há o sentimento que temos que nos destacar mais que o homem, trazermos algo de diferente, pois entre um homem e uma mulher com habilidades iguais, a indústria vai preferir ficar com o homem”, diz Tahiana Silveira.

Mas, não se pode perder de visto as conquistas da equidade de gênero no setor, conforme aponta Camila Arcanjo, profissional do Laboratório Grupo de Avaliação de Café (GAC), que lembra da recente nomeação de Vanusia Nogueira para a Organização Internacional do Café (OIC), entre outras pessoas, “no ano passado, a Forbes fez uma lista sobre 100 mulheres importantes no agronegócio, que demonstra a grande participação do gênero em áreas que eram menos representativas do feminino”.

[Leia a entrevista exclusiva dada por Vanusia Nogueira ao Jornal do Café]

Para Camila Arcanjo, a atuação das mulheres no setor se fortalece com a união, discutindo os problemas e encarando os obstáculos ligados ao próprio gênero, “Teremos que demonstrar com muita firmeza nossa capacidade, muitas vezes seremos questionadas ou colocadas à prova e devemos manter a segurança e defender nosso ponto de vista independentemente de qualquer influência externa”.

As mulheres, da lavoura até o produto final, são parte vital de todo o processo, papel esse que só cresce, sendo merecedor de todo o destaque que é possível dar a atuação delas nesse mercado importante e prestigiado que é o do café brasileiro.

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Redação: Usina da Comunicação

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