Apesar do avanço social, o público feminino ainda enfrenta desafios para ascender profissionalmente. Na contramão desse cenário, o setor cafeeiro mostra que é possível transformar essa realidade
Atualmente, a relação entre mulher e empregabilidade é um tema bastante debatido na sociedade. Embora a conquista de espaço no mercado de trabalho seja recente, foi necessário muito esforço e luta para transformar essa realidade. Dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres. Porém, ainda segundo a instituição, o público feminino responde por apenas 38% dos cargos gerenciais no país.
Apesar da disparidade, o crescimento da presença delas no âmbito profissional é perceptível, o que não as isenta de sofrer machismo, assédio e uma série de preconceitos relacionados à questão de gênero. A diferença salarial, por exemplo, ainda é uma realidade. Um outro estudo divulgado em 2017 pelo IBGE mostra que homens recebem salários 30% maiores que as mulheres em território nacional.
O agronegócio café, uma das indústrias mais antigas e mais importantes no Brasil, segue na contramão dessa triste realidade. Envolvida no setor desde os 11 anos, Ana Carolina Soares de Carvalho, Diretora Executiva do Grupo Utam, acredita que as mulheres têm o potencial e a capacidade de solucionar inúmeras demandas ao mesmo tempo, o que as favorece muito no dia a dia profissional. A empresária revela se sentir motivada por estar à frente de uma marca que não faz objeção de gênero no momento da contratação.
Ana Carolina ainda pontuou que sente uma melhora significativa da participação feminina no ramo e que torce para que esses números continuem aumentando: “Percebo que a ocupação das mulheres no agronegócio tem crescido bastante. Elas têm se destacando em cargos que vão desde o plantio até a indústria. Tenho observado cada vez mais encontros, simpósios e workshops voltados para as mulheres do agronegócio, o que confirma o crescimento da nossa participação no setor”.
Micheli Poli Silva, CEO do Café Jurerê e Vice-Presidente de Marketing e Comunicação da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), também faz parte do segmento de café há muito tempo. Ela iniciou a sua trajetória na indústria em 1998, com apenas 15 anos, inspirada pelo pai e pelo avô, que já trabalhavam com a torrefação do grão há 75 anos. A executiva afirma ter tido contato com o mundo dos negócios em uma época em que a aderência feminina era maior, e que não passou tantas dificuldades de aceitação por causa de outras que foram pioneiras.
“Penso que conseguimos desenvolver uma empresa com colaboradores mais participativos dentro dos processos, com produtos mais diversificados e com canais de venda mais amplos. No Grupo Jurerê, todos os colaboradores, de todos os setores, quando no mesmo cargo, recebem os mesmo salários, independente de gênero. A análise feita para promoção de um profissional se dá pelo seu desempenho e conhecimento. Todos têm a mesma oportunidade”, defendeu.
Iniciativas que geram mudanças
Além de proporcionar satisfação, investir em diversidade é garantir um convívio harmônico entre todos. Um estudo da revista Forbes aponta que a diversidade nas empresas é um dos principais impulsionadores da criação de um ambiente inovador. Organizações que fomentam a diversidade tendem a minimizar conflitos, pois terão mais facilidade em lidar com as divergências e irão criar soluções de forma mais veloz.
“O nosso corpo de colaboradores é composto por 66,7% de mulheres e 33,3% de homens. Dentro da ABIC, fonte oficial de informações sobre o agronegócio café, há uma preocupação em fazer com que o local de trabalho seja sempre inclusivo e respeite as diferenças. Seguimos nos esforçando para buscar soluções e ferramentas que auxiliem no desenvolvimento do setor”, destaca Mônica Pinto, Nutricionista e Coordenadora de Projetos da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).
Assessoria de Comunicação ABIC – Usina da Comunicação