O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, no dia 16 de dezembro, no Diário Oficial da União, as portarias de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para o cultivo do café arábica. As portarias consideraram os sistemas de produção de sequeiro e irrigado de forma separada, enquanto os requerimentos térmicos são os mesmos para ambos os sistemas. O atendimento da demanda hídrica só é considerado no regime de sequeiro.
As publicações delimitam as áreas de risco e de definição dos períodos de baixo risco para a implantação da cultura do café arábica no Brasil, a partir do plantio de mudas. De agosto a dezembro de 2021, os riscos analisados foram aqueles associados às condições hídricas e térmicas prejudiciais ou impeditivas à sobrevivência das mudas recém plantadas. Também foram avaliados o crescimento e o estabelecimento pleno nos meses seguintes, para uma boa formação do pomar.
Gustavo Costa Rodrigues, pesquisador da Embrapa e coordenador da equipe responsável pelo trabalho, explica que o grande avanço em relação aos zoneamentos anteriores da cultura do café arábica foi a utilização de parâmetros do clima, do solo e da própria cultura integrados no sistema Micura, já largamente utilizado no Zarc em culturas anuais e perenes, o que possibilitou a análise de frequência do risco agroclimático ao invés do enfoque de aptidão utilizado anteriormente.
Dentre os principais riscos climáticos levantados nesse novo zoneamento estão: a deficiência hídrica, parametrizada através do índice de satisfação da necessidade de água nas diferentes fases fenológicas da cultura, e o risco térmico, avaliado tanto pela ocorrência de altas temperaturas na época da floração e estabelecimento inicial, quanto o risco de geada durante todo o ciclo de produção. A altitude mínima necessária de 500m para latitudes menores que 21° e 250m para latitudes superiores a 21° também foram consideradas como critério auxiliar.
O zoneamento tem o objetivo de reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos e permitir ao produtor identificar a melhor época para plantar, levando em conta a região do país, a cultura e os diferentes tipos de solos. Os agricultores que seguem as recomendações do Zarc estão menos sujeitos aos riscos climáticos e ainda poderão ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Muitos agentes financeiros só liberam o crédito rural para cultivos em áreas zoneadas.
Também foram revisadas as portarias do café robusta para o Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rondônia, Espírito Santo e Minas Gerais.
Validação
A validação do Zarc para o café arábica contou com a participação de 151 pessoas entre produtores, representantes de cooperativas e órgãos de pesquisa e extensão. O Comitê Técnico do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) apresentou e debateu a metodologia. Já os resultados foram apresentados em cinco reuniões de validação, envolvendo 17 estados onde o Zarc mostrou a potencialidade de produção do café arábica.
Resultados
Os estudos nacionais de Zarc atendem aos objetivos do Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático e ao Programa Agro Gestão Integrada de Riscos. A observância das datas de plantio preconizadas pelo Zarc é obrigatória para os produtores que desejam acessar o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e o Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR).
Os resultados do Zarc do estão apresentados em tabelas de classe de risco (20%, 30% e 40%) por município, tipo de solo, ciclo e decêndio do ano, disponibilizados pelo Mapa no Painel de Indicadores; nas portarias de Zarc por estado, no aplicativo Zarc Plantio Certo (IOS, Android).
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
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