São 100 anos de atuação no mercado brasileiro como fabricante de equipamentos para torrefação e moagem de café. A história da empresa começou na Praça da Sé, no coração da cidade de São Paulo, no início do século passado, quando o italiano Vito Lilla montou a torrefação Café Thesouro.
Hoje a empresa está sob comando do neto, Ciro Lilla, que é presidente e deu sequência à trajetória iniciada por seu avô. Originários de Puglia, na Itália, a famíla Lilla era de pequenos agricultores e produtores de vinho. Nascido no mesmo ano em que seu avô faleceu, Ciro traz no sangue a paixão pela torrefação e pela moagem de café.
“Quando a Lilla começou, era um momento de pós Segunda Guerra Mundial, como todos os equipamentos que os torrefadores usavam eram importados da Alemanha, meu avô enxergou aí, na dificuldade de importar, a oportunidade de fabricar os próprios moinhos, torradores, peças etc”, explica Ciro Lilla.
A empresa começou a fabricar para uso próprio e depois passou a oferecer produtos também para outros industriais. “O resultado foi que, em 1918, fechamos a torrefação na Praça da Sé e abrimos a Lilla & Filhos, na Mooca”, comenta.
A empresa sempre seguiu sob comando familiar. Na época, além de Vito, os filhos também participavam da operação: Américo, José, Carmine, Almirante Nicole e Onofre, pai de Ciro. “Eu cheguei a conviver com todos eles aqui – menos com o meu avô. E ao contrário de muitos negócios familiares, sempre conseguimos trabalhar em harmonia”, comemora Ciro.
Essa harmonia é refletida no sucesso da empresa. Nos anos 50, a Lilla era a única que fabricava moinhos, torradores e outros equipamentos para torrefação no Brasil. Mais do que participar de toda a trajetória da Lilla, Ciro foi um grande inovador nos negócios da família. “Em 1968, eu estava no segundo ano de Engenharia e a empresa passava por uma fase ruim, porque as torrefações estavam em crise. Comecei a pesquisar um novo modelo de torrador que eliminava o resfriador e esta foi a primeira grande inovação que fizemos nos equipamentos”, conta o diretor.
Apesar da pouca experiência – que até então era de um estudante – Ciro não parou por aí. Em 1971 teve seu primeiro projeto e vendido para a Café do Ponto. Ciro conta que, antes desse grande passo, basicamente só a Alemanha produzia esses equipamentos e foi um marco na história da Lilla, pois ampliaram os negócios em todos os aspectos, saindo de uma fábrica de mil metros quadrados para uma de 6 mil metros quadrados.
Tamanho foi o feito de Ciro que, aos 25 anos, ele se tornou sócio da empresa e, depois, passou a ser diretor industrial. “Mesmo com a família muito unida, só entrava para a empresa quem tivesse profisisonalismo e capacidade para isso. Ser parente só não bastava. Tinha que provar que era competente e trabalhador”, reforça.
Se a primeira grande inovação tecnológica nos torradores, até hoje os carros-chefe da Lilla, foi a eliminação do resfriador, a segunda surgiu por causa de um vizinho reclamão do Café do Ponto. “Dois ou três anos depois que comprou o primeiro torrador novo, a Café do Ponto já tinha trocado todos os seus antigos pelos novos, que eram mais eficientes. Mas havia um outro problema: a fumaça que a torra de café provocava e que, naquela época, não tinha solução”, explica Ciro.
O tal vizinho, um milionário que morava muito próximo à fábrica da Café do Ponto, começou a implicar com a fumaça. Os donos da fábrica tentaram resolver o problema comprando queimadores de óleo mais sofisticados para diminuir a fumaça. “Eu estava estudando o caso e pensando no pós-queimador, um sistema de aquecimento da fumaça que a faria virar vapor e gás carbônico depois da torra. Novamente fiz o protótipo e a Café do Ponto foi a primeira empresa a comprar, em 1978”, explica.
Este pioneirismo foi e é marca registrada da Lilla. A busca de soluções tecnológicas fez com que a empresa ganhasse mercado também no exterior. Hoje a empresa exporta para 50 países de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, o Japão e a Inglaterra.
A expansão também aconteceu na linha de produtos oferecida. A Lilla fabrica torradores para várias capacidades, moinhos, silos, faz projetos completos de torrefações, tem sistemas de liga de cafés automatizados e sistemas de automatização de torrefações e equipamentos completos. “Trabalhar em família, em harmonia, buscar sempre as melhores soluções e práticas de mercado, somados à alta tecnologia e paixão pelo que fazemos são algumas das fórmulas que fizeram o negócio iniciado despretensiosamente pelo meu avô Vito chegar até onde chegou. Que venham mais 100 anos e que possamos passar esta paixão para as nossas futuras gerações”, comemora Ciro Lilla.