O protagonismo feminino na cadeia café vem crescendo e mulheres com trajetórias moldadas pela iniciativa e pelo empreendedorismo vêm marcando a história do produto. Marisa Contreras, produtora em Areado, Sul de Minas, é uma delas. No encerramento do Encafé, ela compartilhou sua experiência com os participantes. Marisa certamente não é o tipo de pessoa que deixa a vida passar e as coisas acontecerem ao seu bel prazer. Quando decidiu deixar a vida de farmacêutica bem-sucedida na cidade e apostar na Fazenda Capoeira Coffee, trabalhando ao lado do marido, ela trouxe para si a obrigação de que sua decisão tinha que dar certo. E deu. A antiga fazenda produtora de commodity hoje é reconhecida pela sua produção de cafés especiais, exportando para quatro países. Marisa conta que chegou a rodar café no terreiro por 15 dias só para garantir que o procedimento de secagem daria certo.
O grande salto de Marisa foi não deixar sua ideia presa no seu mundo. A partir de suas vivências, ela decidiu ajudar outras mulheres a produzir. A iniciativa resultou na formação de um grupo de 400 mulheres produtoras, que se reúne para trocar ideias, se fortalecer, se ajudar e, sobretudo, para quebrar o preconceito e romper com o estigma de que lugar de mulher não é na lavoura. Elas se encontram anualmente em uma fazenda no Sul de Minas para um dia de campo, no qual todas levam a marca do grupo: um lenço rosa amarrado no pescoço.
O crescimento da iniciativa levou ao lançamento do Projeto Florada, que hoje conta com o apoio da Três Corações e inclui, entre outras ações, uma plataforma gratuita com cursos voltados à melhoria das práticas na produção do café. Há também um concurso de qualidade para mulheres produtoras de café arábica, que, além de premiar os lotes vencedores, dá visibilidade e reconhecimento ao trabalho da mulher no campo.