A edição de terça-feira (20/07) do Projeto ABIC Educa ofereceu a palestra “Holding e Sucessão Familiar: Contexto, Instrumentos Legais e Prática”, comandada por Fábio Almeida, Doutor em finanças e contabilidade e especialista em sucessão familiar. O palestrante deu um panorama sobre holding, sucessão familiar e alertou quanto aos cuidados gerais no processo de sucessão. Questões tributárias, societárias e formalidades contábeis que contribuem para uma melhor noção de como começar a fazer esse processo também foram destaques.
Logo no início do encontro virtual, Fábio Almeida, sócio da Alianzo, trouxe dados que chamam a atenção e ligam o sinal de alerta. Apenas 30 das 1.000 maiores empresas brasileiras têm mais de 100 anos de história. A mortalidade cresce com o avanço das gerações. Os números são da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.
“As empresas familiares são potencialmente vulneráveis em decorrência da sobreposição de dois sistemas distintos: a família e os negócios. No mundo, 80% das companhias são familiares. No Brasil, 90% das empresas são familiares”, salienta Almeida.
Com as informações acima, fica clara a relevância de um cuidado maior ao falarmos de sucessão, sobretudo com os aspectos legais. Na visão do Doutor em finanças e contabilidade, falar de sucessão legal é primordial e é algo que não deve ser entendido como a antecipação da falta de alguém. “Fica mais barato fazer em vida, organiza as coisas e reduz o potencial de conflito”.

Pacto familiar e acordos são fundamentais para uma sucessão familiar eficiente
Ética, fino trato e habilidade são palavras de ordem para relações de confiança. Com o intuito de ilustrar ainda melhor o ponto abordado, o palestrante destacou a parábola do fogo, da água e da confiança. “Eles entraram em uma floresta escura e o fogo disse: ‘Se eu me perder procurem a fumaça, pois onde há fumaça, há fogo! A água disse: ‘Se eu me perder me procurem na umidade, pois onde há umidade há água! Então, a confiança disse: ‘Se eu me perder não me procurem, pois uma vez perdida nunca mais me encontrarão…”.
Um pacto familiar e acordos são peças-chave para um assunto tão extenso como a sucessão. Alguns itens foram enfatizados por Fábio Almeida. “Quem será o novo responsável pelo comando da empresa?, quando acontecerá a transição?, como será o processo de sucessão?, quem pode e quem não pode fazer parte?, qual é o limite para a admissão de membros da família na empresa?, que preparação será necessária para o processo de transição?, o que será feito, se o processo sucessório não for bem-sucedido?, o que acontecerá em caso de divórcio ou falecimento?, quem pode ter cotas da organização?, que responsabilidades há em relação à comunidade? e quais responsabilidades há em relação aos funcionários mais antigos?”.
Propriedade não é sinônimo de capacidade na sucessão familiar
A profissionalização da gestão familiar é algo que tem de ser visto com muito zelo e no entendimento de Almeida há três objetivos nessa engrenagem: gerar as bases para um crescimento sustentável, potencializar os ganhos dos acionistas e criar mais oportunidades aos colaboradores.
Para Fábio Almeida nunca pode se confundir propriedade com capacidade. É uma dica preciosa que o especialista sempre passa aos patriarcas. “Todos os filhos são proprietários, mas alguns têm mais capacidade. O patriarca que força a colocação dos sucessores, na mesma condição de paridade, dá errado. Prepare todos, coloque em programas de formação de sucessores e conheça suas habilidades. Outro ponto importante, não confundam equidade com igualdade. A tentação de cometermos esse erro como pais é grande, pois gostamos dos filhos igualmente. Só que ao falarmos de mérito, quem entrega mais recebe mais”, explica Almeida. O planejamento societário é outra peça relevante na tão falada sucessão. A análise dos aspectos tributários, societários, contábeis e da proteção patrimonial merecem atenção.
As holdings também estiveram na pauta. “São camadas de proteção que irão ajudar na organização, como tirar a pessoa física de negócios de risco e deixar uma pessoa jurídica sendo dona”, comenta o palestrante. Vale ressaltar que existem dois tipos de holdings, a pura, quando no seu objetivo social consta somente a participação no capital de outras sociedades, e a mista, quando, além da participação, exerce a exploração de alguma atividade empresarial.
Planeje o futuro. Organizar a transferência do controle da empresa é preservar o próprio negócio.
Redação: Usina da Comunicação