No primeiro dia de programação do 28ª Encontro Nacional do Café (ENCAFÉ), Virginia Alves, repórter do Notícias Agrícolas, mídia oficial do evento, subiu ao palco do auditório principal do Grand Hyatt para mediar o “Painel de Abastecimento”, com a presença de especialistas como Gil Barabach, Analista do Safras & Mercado, José Marcos Magalhães, Diretor presidente da Minasul e Marcos Matos, Diretor geral do CECAFÉ.
O bate-papo abordou as expectativas do mercado, cujas mudanças recentes mostram haver boas expectativas para a safra de 2023, mas, conforme aponta Marcos Magalhães, ainda é necessário cautela: “Há otimismo em relação à colheita do próximo ano, mas com restrições. Ainda não estamos na normalidade climática e muitas plantações ainda sofrem com as consequências das recentes geadas. A perspectiva é boa, mas não tanto quanto poderia ser em tempos normais”.
[David Fiss debate sobre as tendências de consumo do café no 28ª ENCAFÉ]
Entendendo as mudanças do mercado
Virgínia iniciou o painel com uma pergunta sobre as recentes mudanças do mercado, que tem apresentado quedas de preço bem significativas. Na visão de Barabach, isso é um sinal de transformação: “Temos dois fatores para entender essa situação. A primeira é financeira, a macroeconomia mundial afeta o comportamento dos mercados. Hoje, temos um cenário de inflação, que torna necessário um aumento da taxa de juros, freando possíveis investimentos e, por consequência, a economia como um todo. O outro ponto tem mais relação com o café propriamente dito. Com as chuvas retornando, há esperança que a safra 2023 seja cheia, especialmente de café arábica”. Dessa maneira, as boas possibilidades para o ano que vem resultaram numa redução de preços. Ao ser perguntado se isso é um sinal de retorno à normalidade, o especialista reforçou que dependerá da próxima safra, mas há uma tendência à estabilidade.
Questões logísticas foram abordadas
Marcos Matos colocou sua visão ao tema da perspectiva da exportação, após ser perguntado por Vírginia sobre os impasses nesse setor diante do cenário de abastecimento. Ele citou que o acúmulo de contêineres nos portos chineses causou problemas, mas os números seguem expressivos. No entanto, ele apontou ser necessário a busca por alternativas, para contornar situações complicadas, e também uma nova realidade portuária: “Os navios estão ficando cada vez maiores, mas nossos portos não estão preparados ainda para receber essas embarcações”.
Magalhães citou a logística como um dos principais desafios do agricultor, pois os gargalos de transporte do grão podem atrapalhar todo o trabalho do cafeicultor, e apontou também a questão dos agrotóxicos: “É preciso ter cuidado, estamos dispensando o uso de alguns desses materiais sem ter uma reposição adequada, o que pode afetar a produtividade”.
O Brasil no mundo
O diretor da CECAFÉ falou no palco a percepção internacional que o Brasil possui: “Somos vistos como um fornecedor confiável e competitivo, com preços baixos e boa qualidade. Mesmo com dificuldades, há a impressão que o nosso país conseguirá abastecer os mercados externos”. Um diferencial importante citado por Matos é que a cafeicultura brasileira é mais empresarial, focada no mercado e rentabilidade, o que não é visto em outros países.
Redação: Usina da Comunicação