O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Café (ABIC), Celírio Inácio, participou nesta quarta, 28/04, do painel “Robustas Amazônicos: nova cadeia de valor para a Cafeicultura na Amazônia”, disponível no YouTube. O ciclo de palestras ofereceu soluções e propostas para o fortalecimento das cadeias de produção de maior relevância econômica e social da região, além de tratar dos desafios e das oportunidades.
O evento foi organizado pelo Núcleo Regional Noroeste da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e pela Zona de Desenvolvimento Sustentável entre os Estados do Amazonas, Acre e Rondônia (Amacro), com participação de executivos do Governo do Estado de Rondônia, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), de secretarias de estado e de universidades.
Cafés robusta e conilon na Amazônia
Em seu painel, Inácio comentou sobre o aumento da demanda no mercado mundial por cafés robusta e conilon, adequados para a região Amazônica. Durante muito tempo, um dos critérios mais fortes de avaliação da qualidade do café era a composição do blend e a presença única de arábica. Porém, o setor se abriu para a ideia de que café de alta qualidade pode ter,
sim, robusta”, afirma, destacando que a participação dos tipos superior e gourmet no mercado de café chegou a 19%, contra 9% em 2016.
O executivo também expos as novas oportunidades para os produtores de robusta e canéfora. “A informação favorece a educação para o consumo. Por isso, precisamos da formação de degustadores específicos e especialistas, ampliando os esforços para a divulgação das origens e a produção de cafés de alta qualidade”, conclui.
A ideia é corroborada por Eliana Relvas de Almeida, consultora especializada em vendas no varejo. “O cliente precisa ter a experiência, interagir com as equipes de promoção e com a bebida. Precisamos levar, por exemplo, estes cafés para uma taça e em momentos diferentes. A espécie robusta tem valor agregado, mas é necessária uma comunicação adequada sobre o produto”, afirma.
Aguinaldo Lima, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira das Indústrias de Café Solúvel (ABICS), apresenta alternativas de comunicação com o cliente. Para ele, o ineditismo e a associação com a sustentabilidade podem promover as vendas do café robusta. “Os argumentos de marketing como a região produtora na Amazônia e a região sendo classificada como a primeira produtora de canéfora, aliados à qualidade, tornam o produto imbatível”, diz.
O superintendente estadual de desenvolvimento econômico e infraestrutura de Rondônia (Sedi), Sérgio Gonçalves da Silva, afirmou em sua palestra que o terreno já está preparado para investimentos na produção de robusta e conilon. Responsável por 97% da produção de café na Amazônia, o estado vem realizando ações de conhecimento dessas novas espécies. “O estado criou uma rede de programas e atividades com o objetivo de levar os produtores até os compradores do produto. São palestras, eventos, encontros e outras ações que dão suporte ao cafeeiro e ajudam no desenvolvimento econômico de Rondônia”, afirma.
Thiago Masson, gestor do conselho dos exportadores de Café do Brasil (Cecafé), apoia Sérgio e reafirma a capacidade crescente de produção do país e a criação de programas desse tipo. “Devemos explorar a capacidade de produção do café robusta associada à sustentabilidade. O mercado de café conta com 276 empresas exportando para 122 países, resultando em um volume de 45 milhões de sacas e receita de US$ 5,66 bilhões. O Brasil tem seu café exportado para regiões exigentes em qualidade e segurança do alimento, o que ganhou bastante evidência após a chegada da pandemia”, explica, ainda informando sobre o recorde de produção em volume, exportação e receita do país em 2020.
Por fim, o pesquisador da Embrapa, Enrique Anastácio Alves, ressalta a capacidade de produção da Amazônia, sem afetar o ecossistema. “A região aprendeu a cultivar café e cresceu sem desmatar, com aplicação de tecnologia e sustentabilidade. Se o mundo passar a gostar de beber café robusta e crescer a demanda, a Amazônia tem capacidade de produção”, diz.
Redação: Usina da Comunicação