Maior qualidade, produtores diferenciados e novos momentos de consumo incrementam a demanda da bebida no País
O consumo interno de café no Brasil chegou a 21 milhões de sacas, no período de outubro de 2017 a novembro de 2018, representando um crescimento de 4,80%, com relação ao período anterior, de outubro de 2016 a novembro de 2017, conforme levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC. Esses números elevam o consumo per capita para 6,02 sacas de café cru e 4,82 sacas de torrado e moído, o que mantém o Brasil como o segundo maior consumidor de café do mundo.
A procura por café segue em plena expansão, acompanhando uma tendência que se observa globalmente. Entre as empresas associadas da ABIC, o crescimento sobre o período anterior foi de 7,03%, demonstrando que os brasileiros estão consumindo mais café. Este aumento foi particularmente importante porque o ano foi caracterizado por uma redução da oferta do grão, motivada pela seca severa que atingiu a região produtora de café conilon em 2016 e 2017, trazendo como consequência uma volatilidade nos preços finais. E mesmo assim, o brasileiro não reduziu a compra.
Perspectivas para 2019
e anos seguintes
O consumo de café deve continuar em expansão com uma tendência de crescimento contínuo até 2021, com evolução estimada em 3,5% ao ano.
Cafés de alta qualidade, Superiores ou Gourmet devem ganhar espaço na preferência de grupos de consumidores que valorizam sabor e aroma diferenciados e que já demonstraram que pagam mais desde que a entrega seja correspondente. Cafés Tradicionais e Extra Forte continuarão sendo o grande “consumo” e ganharão mais qualidade em função das safras boas em 2017/2018 e 2018/2019, e do maior cuidado dos industriais com as matérias-primas e com os processos que conduzem à qualidade.
ABIC altera metodologia da pesquisa
Ao longo dos anos, a ABIC também contabilizava em seu levantamento a estimativa do consumo do grão utilizado pelas empresas não associadas e por outros meios de consumo “não cadastrados”, como fazendas, cafeterias e informais. Nesta nova metodologia, a ABIC desconsiderou o volume antes atribuído às não cadastradas, o que representou uma redução de 1,953 milhão de sacas, no volume total apresentado anteriormente.
Com relação às empresas não associadas, este número é importante porque a ABIC registra em seu banco de dados a existência atual de 1393 empresas de café no País, cujo produtos foram coletados no mercado para o rastreamento e o monitoramento da pureza e da qualidade, por meio das análises laboratoriais.
Desse total, 405 são empresas associadas, que respondem por 75% do consumo interno de torrado e moído (14,84 milhões de sacas), enquanto 988 empresas são as “não associadas”, cuja produção é menor e seu volume é estimado com base em informações passadas ou por comparação com empresas do mesmo porte.
A ABIC acredita que o consumo interno possa ser ainda maior e está segmentando sua atuação em diversos canais, inclusive no consumido em cafeterias, panificadoras, entre tanto outros pontos, muitos das quais hoje torram o seu próprio grão, bem como, o consumo nas mais de 300.000 fazendas de café, cujo cálculo do volume não pode ser determinado com facilidade.
Dados do consumo no lar e fora do lar
O consumo continua concentrado no lar, representando 64% do total, enquanto o índice fora do lar atingiu 34%. Este último tende a crescer continuamente, porque a oferta de cafés de alta qualidade em cafeterias, restaurantes e panificadoras induz ao aumento de demanda da bebida.
Destaca-se o consumo do grão torrado no food service, que segue crescendo, enquanto o café em pó apresenta tendência de redução no consumo do lar.
Segmentação do consumo por tipo:
moído, grão e cápsulas
Cresceu o consumo de cafés em grão torrado. A preferência por cafés espressos, bem como a procura por máquinas automáticas e domésticas de café elevou o total das vendas do grão, que passou de 18% para 19%. Por outro lado, o fenômeno das cápsulas parece ter acelerado ainda mais, trazendo uma mudança de hábitos dos consumidores, que veem na praticidade e na variedade de sabores, as características adequadas para o uso no lar, nos escritórios, em pequenos comércios, em lojas e outros estabelecimentos onde antes não havia serviço de café.
Novo momento do consumo de cafés de maior qualidade
Os consumidores brasileiros estão mais exigentes com relação à qualidade dos cafés. Isso é resultado de maior conhecimento sobre café, suas qualidades, suas diferenças por formas de preparo do grão, dos diferentes terroirs, regiões produtoras diversas e de muita divulgação dos resultados de concursos de qualidade com recordes de valores pagos aos produtores vencedores.
É o resultado também do conhecimento dos benefícios do café para a saúde humana, com a divulgação de efeitos positivos para a prevenção de diabetes, problemas cardiovasculares, Parkinson e combate aos radicais livres, entre outros. Todos esses fatores são potencializados pelo interesse dos consumidores nos cafés gourmet e especiais, de alta qualidade e maior valor agregado que têm remunerado adequadamente os agentes da cadeia produtiva.
A ABIC criou em 2004 e mantém um programa de certificação de qualidade, o PQC – Programa de Qualidade do Café, que certifica e monitora os produtos das marcas que aderem ao programa e ganham destaque por um selo que diz ao consumidor se o café é tipo Extra Forte, Tradicional, Superior ou Gourmet. Esses são cafés de qualidade similar aos melhores cafés do mundo, sendo que há um café para cada categoria.
O PQC em números:
Hoje o programa certifica 954 marcas, sendo: 128 – extra forte – 392 – tradicional – 192 – superior – 242 Gourmet.
O preço médio dos cafés certificados são: extra forte e tradicional = R$ 19,38 kg – Superior = R$ 34,64 – Gourmet = R$ 56,45. Os cafés não associados da entidade têm um preço médio de R$ 17,83. Isso mostra que o consumidor exige qualidade e está disposto a pagar por isso.