MERCADO EXTERNO
Nova grande queda de preços de café nos mercados futuros de café de Nova Iorque e Londres, em especial na sexta-feira. A diminuição das exportações globais, sinalizando uma menor demanda, e a previsão de chuvas nas regiões produtoras de Minas Gerais foram os principais causadores desse movimento de baixa. Outro fator importante é a desvalorização do real frente ao dólar, pois barateia no mercado internacional o café do Brasil, que é o principal produtor mundial.
Apesar de a produção da safra 2019/20 (outubro-setembro) ter sido baixa, também recuou o consumo como efeito das políticas de isolamento social para contenção do coronavírus e os estoques cresceram 1,5 milhão de sacas. Logo após isso, a produção brasileira veio alta e forçou bastante os preços para baixo.
A safra dos cafés da América Central e Colômbia também está entrando no mercado e isso faz com que o momento seja de queda, com suportes sendo rompidos constantemente na ICE NY. Assim, o contrato do arábica para dezembro fechou em queda de 3,51, cotado a 107,05 cents/lb.
Em Londres, o preço seguiu a queda de Nova Iorque, com contratos para novembro fechando em queda de 1,30%, negociados a US$ 1.288/ton.
MERCADO INTERNO
Nem a alta do dólar segurou o preço interno do café arábica: apesar de alta durante a semana, que fez com a média semanal fosse maior que o preço de fechamento da sexta-feira, a baixa fez com que o mercado acabasse segurando o café e não o vendendo.
Já o café conilon apresentou leve alta durante a semana, mas terminou a sexta-feira praticamente no mesmo patamar da segunda-feira.
Vale ressaltar que as perdas de café para a próxima safra são realidade, e que, no momento, após a florada, o tempo está quente e seco e a tendência é de um fenômeno do tipo La Niña, que diminui as chuvas no centro-sul do Brasil, afetando importantes áreas de produção de café.
Os dados de exportação para o mês de setembro somaram US$ 434.748.900 para café não torrado e US$ 41.969.500 para café torrado. Tanto a quantidade (18,01%) quanto o valor (13,44%) foram superiores ao mesmo período em 2019 para o café verde.
Nos dois primeiros dias de outubro, as exportações seguem em alta. Apesar da comparação ser meio fraca, os dois primeiros dias de outubro tem exportação 48,32% superiores ao mesmo período de setembro.
DÓLAR
Temos dois elementos externos fortes que consolidaram a fuga e, por consequência, valorização do dólar perante o real: eleições americanas e a segunda onda de Covid-19 na Europa. No plano interno, as taxas de juros baixas e o temor de que o déficit persista mais que o esperado também ajudaram na valorização da moeda americana, que fechou a semana cotada em R$5,66.
DESTAQUE DO ANALISTA
O momento é de perdas para muitos ativos e para o café não foi diferente. Assim, as perdas não se deram apenas por questões de oferta e demanda de produto físico, mas também por outras questões financeiras de reajuste de posições e gestão de risco.