Cafés de altitudes que chegam a 1.200 metros, originários das Matas de Minas, no leste de Minas Gerais, ganham Selo de Origem e impulsionam o mercado de cafés especiais na região.
Com lavouras que representam a segunda maior região produtora da variedade arábica em Minas Gerais, com 7,5 milhões de sacas em 2018 (23% da produção do Estado), a região busca se posicionar no País com a produção de cafés especiais.
São 36 mil produtores, sendo que cerca de 80% deles são pequenos, com lavouras que não ultrapassam 20 hectares. Como o café é de altitude, não há como mecanizar a colheita, o que exalta a vocação para a agricultura familiar, também mostra a dimensão do desafio de conversão para novas práticas de cultivo e pós-colheita, responsáveis por transformar o grão de commodity em especial.
“Para o pequeno produtor, principalmente o de montanha, a saída viável para sobreviver da lavoura é produzir café de qualidade. No commodity, o valor de venda está muito baixo”, diz Vanusia Nogueira, diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). A entidade estima maior retenção para consumo interno no País em 2019, com 1,2 milhão de saca.
Selo de Origem
Na região, para receber o selo, o café deve atingir classificação mínima de 80 pontos de acordo com avaliação de um Q-Grader (especialista em classificação de cafés). Além de permitir a rastreabilidade do grão e chancelar a qualidade, o selo leva um QRCode, que mostra ao comprador a história do produtor, as características sensoriais do café, premiações em concursos e a pontuação.
Desde a implementação do selo, 150 produtores foram cadastrados para vender o café com a certificação e 500 produtores foram atendidos pelas equipes técnicas. O Conselho estima que 30% deles passaram a se dedicar a café especial após a iniciativa.
Em 2018, foram vendidas mil sacas de café verde ( não torrado) selado. Para a venda de café já embalado, torrado e moído, foram confeccionados 13.900 selos. O Conselho ainda estima que 1,2 milhão de sacas de cafés especiais foram produzidas na região das Matas de Minas, cerca de 20% de toda a produção da região.
(Reportagem de Letícia Ginak para O Estado de S.Paulo. Leia na íntegra aqui)