Boletim Carvalhaes N°44 de 30/10/2020

carvalhaes
30/10/2020
Publicado em

Santos, 30 de outubro de 2.020 – ano 87 – número 44.


O mercado de café termina outra semana de pouca atividade. Trabalhou assim todos os dias, como já aconteceu nas duas semanas anteriores.

O comportamento dos contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque permanece monotonamente o mesmo. Incertezas com a chegada gradual das chuvas aos cafezais do Brasil, maior produtor e segundo maior consumidor de café do mundo, responsável por mais de 36% (entre consumo interno e exportações) do abastecimento mundial, colocam o mercado em compasso de espera.

As informações diárias sobre a chegada apenas de chuvas dispersas, irregulares, depois de uma longa e severa seca, continuam trazendo muita insegurança aos operadores. Ninguém consegue enxergar com clareza a extensão dos estragos desta longa seca na produção brasileira de café na próxima safra 2021/2022, certamente com reflexos também na safra 2022/2023.

A esse quadro, adiciona-se o preocupante agravamento dos problemas com a chegada de uma segunda onda de covid-19 na Europa e nos EUA, e também a tensão com a aproximação da histórica eleição americana deste ano. Sem conseguirem enxergar a médio e longo prazo, os operadores só se interessam pelo curto prazo, pelo dia a dia das operações.

Como dissemos em nosso boletim semanal anterior, o estrago está feito, mas pode ainda aumentar. Só em março próximo, após as chuvas de verão, poderemos dimensionar as perdas com mais precisão. A consequência do quadro de seca prolongada e temperaturas elevadas, acima da média, em um ano de safra alta, que desgastou o parque cafeeiro, é que em 2021 teremos uma quebra maior, mais severa, e uma área menor em produção.
No balanço da semana, Os contratos de café em Nova Iorque recuaram. Os com vencimento em dezembro próximo perderam 120 pontos. Em nossa moeda por saca, esses contratos, para dezembro próximo, fecharam hoje valendo R$792,42. Na sexta-feira passada fecharam valendo R$786,02. A alta do dólar frente ao real nesta semana compensou com folga o recuo de 120
pontos na ICE.

O mercado físico brasileiro permaneceu mais uma vez calmo, praticamente paralisado, com poucos negócios fechados. Trabalhou assim todos os dias, repetindo as duas últimas semanas. Os produtores, em sua maioria, continuam aguardando a regularização das chuvas antes de decidirem o que farão com seus lotes de café. As bases oferecidas pelos compradores, apenas acompanham o sobe e desce dos contratos em Nova Iorque e do dólar frente ao real. Continuam não atraindo os vendedores.

Está chegando ao cerrado brasileiro mais um concorrente à produção de café. O trigo gosta de clima frio. Mas o calor e a secura do Cerrado se mostram promissores graças a variedades de sementes que vêm sendo desenvolvidas pela Embrapa e que se adaptam às peculiaridades climáticas da região. A pesquisa brasileira trabalha de maneira intensa desde os anos 1990 na tropicalização do grão. O Núcleo Avançado de Trigo Tropical, em Uberaba – MG, desde 2007 se dedica a desenvolver técnicas de melhoramento e manejo. Para além do retorno econômico, sementes desenvolvidas ali permitem mais uma rotação de culturas nas
entressafras, afastam pragas e abastecem com nutrientes as futuras plantações de soja e de milho, informa a Embrapa. O potencial do
Cerrado é promissor na quantidade e na qualidade do trigo tropical. Na colheita deste mês, em Goiás, surgiram registros de produtividade três vezes superior à média nacional, de 45 sacas por hectare. O trigo da região é considerado de alta qualidade, o tipo usado na panificação. Já há produtores testando, com bons resultados, três safras anuais, plantando o trigo no intervalo entre as safras de milho e soja (informações do jornal “O Estado de São Paulo”, edição de 24 de outubro).

Até dia 29, os embarques de outubro estavam em 1.873.860 sacas de café arábica, 375.110 sacas de café conillon, mais 176.302 sacas de café solúvel, totalizando 2.425.272 sacas embarcadas, contra 2.838.485 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 4.028.413 sacas, contra
4.052.923 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 23, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 30, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 120 pontos ou US$ 1,59 (R$ 9,12) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 23 a R$ 786,02 por saca, e hoje dia 30 a R$792,42. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 20 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais
por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:

  • R$570/620,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
  • R$530/570,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
  • R$500/530,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
  • R$460/490,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
  • R$430/460,00 – RIADOS.
  • R$380/390,00 – RIO.
  • R$390/410,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
  • R$380/390,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
  • DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,7380 PARA COMPRA.

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