Boletim Carvalhaes N°38 de 18/09/2020

carvalhaes
18/09/2020
Publicado em

Santos, 18 de setembro de 2.020 – ano 87 – número 38.

A semana foi de queda para as cotações do café. Os contratos com vencimento em dezembro próximo, que haviam fechado na última sexta-feira, dia 11, valendo US$ 1,3245 por libra peso, encerraram o pregão hoje a US$ 1,1350. Recuaram 1895 pontos.

Esse recuo forte na semana aconteceu devido ao anúncio da chegada de chuvas sobre os cafezais brasileiros a partir do próximo domingo. As chuvas deverão dar um alívio ao quadro atual, mas chegam tarde e assim já temos perdas – ainda não quantificáveis – na produção brasileira de café na próxima safra 2020/2021. Esta safra já será menor que a atual, em fase final
de colheita e benefício, devido à bianualidade da produção brasileira de café.

Repetimos o que já dissemos em nosso último boletim semanal: Após uma colheita de safra de ciclo alto, quando as arvores produzem muito, estamos terminando os trabalhos com os cafeeiros bastante desgastados. Essa é a razão da bianualidade e de uma safra de ciclo baixo no ano seguinte, quando os cafezais se recuperam e armazenam forças para a
próxima safra de ciclo alto.

Em 2020 o desgaste é sensivelmente maior. Tivemos chuvas abaixo da média nas principais regiões produtoras de café no Brasil. As áreas de café do sul de Minas Gerais enfrentam seu maior déficit hídrico desde 2014, com armazenamento de água no solo em torno de 5% da capacidade. A situação não é muito diferente nas demais regiões produtoras. Tivemos um
inverno com tempo quente e baixa umidade relativa do ar na maior parte do Centro e Sul do Brasil. Como estamos caminhando para primavera, ela começa no próximo dia 22, as temperaturas médias só tendem a aumentar.
Mesmo com esse quadro à frente, fundos de curto prazo e especuladores decidiram realizar lucros vendendo seus contratos na ICE Futures US. O resultado foi a forte queda no valor dos contratos e uma quase paralisação nos negócios do mercado físico brasileiro.

Os negócios no físico brasileiro já vinham em ritmo lento. A colheita na prática já terminou e os armazéns estão cheios com a entrada da nova safra, de ciclo alto, e também com os cafeicultores antecipando a entrega de lotes vendidos em meses anteriores, na modalidade de “venda física para entrega futura”.

Este ano o volume vendido nessa modalidade foi maior que em safras anteriores e o tempo quente e seco permitiu uma colheita mais rápida e secagem dos frutos em menos dias. A safra de ciclo alto e a entrega antecipada de lotes lotaram os armazéns por algum tempo, dificultando um volume maior de novos negócios neste mês de setembro. Também atrapalha um melhor desenvolvimento dos negócios o bom desempenho das exportações agrícolas brasileiras. A disputa por caminhões é
grande e atrasa a retirada de lotes nas fazendas.

Com o término da colheita e a aceleração, como todos os anos, das exportações de café da nova safra a partir deste mês de setembro, a situação nos armazéns não demorará a se normalizar.

Segundo o relatório sobre o mercado de Café – agosto 2020, da OIC – Organização Internacional do Café, divulgado esta semana, a estimativa do consumo mundial de café no ano-cafeeiro mundial 2019/2020, que se encerra no final deste mês, é de 168,39 milhões de sacas de 60 kg, o que representa um crescimento de 0,3% em relação ao ano-cafeeiro anterior, que foi de 167,84 milhões de sacas. A demanda crescente no início da pandemia global devido ao maior consumo em casa, agora apresenta uma estabilidade devido à prolongada crise econômica e à lenta recuperação do consumo fora de casa.

A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.745.336 em 31 de agosto de 2020. Uma baixa de 309.013 sacas em relação às 7.054.349 sacas existentes em 31 de julho de 2020.
Até dia 17, os embarques de setembro estavam em 783.227 sacas de café arábica, 346.293 sacas de café conillon, mais 49.344 sacas de café solúvel, totalizando 1.178.864 sacas embarcadas, contra 671.078 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia17, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 2.516.565 sacas, contra
1.528.990 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 11, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 18, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 1.895 pontos ou US$ 25,07 (R$ 134,80) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 11 a R$ 934,19 por saca, e hoje dia 18 a R$ 807,29. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 450 pontos. No mercado paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:

  • R$600/630,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
  • R$550/580,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
  • R$520/550,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
  • R$480/510,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
  • R$450/480,00 – RIADOS.
  • R$380/400,00 – RIO.
  • R$400/420,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
  • R$390/400,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
  • DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,3770 PARA COMPRA.

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