Boletim Carvalhaes N°35 de 28/08/2020

carvalhaes
28/08/2020
Publicado em

Santos, 28 de agosto de 2.020 – ano 87 – número 35.

Após a passagem da frente fria, sem danos para os cafezais brasileiros, a semana continuou agitada para os negócios de café. As cotações continuaram subindo na ICE Futures US em Nova Iorque, enquanto o dólar oscilou forte frente ao real todos os dias. Culminou hoje com uma queda de 2,92%. O jornal Valor Econômico informou que a forte desvalorização do
dólar contra praticamente todas as demais divisas após a revisão da política monetária do Federal Reserve (o banco central americano) fez a moeda americana cair hoje quase 3% no Brasil. Na semana, entre muito sobe e desce, o dólar acumulou perdas pouco acima dos 3%.

Os contratos de café na ICE continuaram em ascensão e os com vencimento em dezembro próximo fecharam hoje valendo US$ 1,2635. Acumularam 655 pontos de alta na semana. As incertezas climáticas que se agravam a cada ano em todos os principais países produtores de café, e a queda nos estoques certificados na ICE Futures US dão sustentação aos preços. O
cenário de excesso de liquidez e juros baixos na economia mundial atrai fundos de investimentos para as commodities agrícolas, o café entre elas. O aumento na demanda ano após ano torna os contratos agrícolas uma boa opção de investimento.

O mercado físico brasileiro de café acompanhou a agitação em Nova Iorque, mas com o recuo do dólar frente ao real e a nova safra entrando com força, a evolução das cotações em reais foi menor. O mercado apresentou-se comprador, com interessados por todos os tipos de café. Como sempre, a procura maior foi por arábicas de boa qualidade a finos, mas houve um
bom volume de negócios com todas as qualidades. Entretanto, para fechar negócio, os vendedores tiveram de aceitar ofertas, que apesar de terem valor acima dos praticados na semana anterior, não refletiram integralmente a alta na ICE. Lotes de conilon também foram bastante procurados e os melhores foram vendidos acima dos quatrocentos reais por saca.

A diferença de preços entre os melhores arábicas e os mais fracos é grande. O consumo interno é comprador, e as ligas preparadas com 600 defeitos, bebida dura, foram negociadas a R$ 450,00 e até acima.

Está emperrando um melhor desenvolvimento dos negócios o fato dos armazéns estarem cheios com o auge da entrada da nova safra, de ciclo alto – a colheita já passou dos 90% – o que dificulta bastante o recebimento de novas compras.

Outro entrave a um maior volume de negócios é o fato de nossa frota de caminhões estar trabalhando no limite para a retirada dos lotes no campo e colocação nos armazéns, bem como para a entrega dos cafés preparados nos portos e nas indústrias. Muitos armazéns estão com longas filas de caminhões aguardando para descarregar. As exportações de café estão se
acelerando. Todo o agronegócio brasileiro esta crescendo com força e exportando mais a cada mês. As frotas de caminhões são disputadas por todos os setores. A infraestrutura brasileira dificulta bastante a logística interna.

Esta semana, a dificuldade para encontrar caminhões e espaço nos armazéns, levaram diversos compradores a ficarem fora do mercado físico. Viraram suas atenções para o recebimento de lotes já comprados e para o preparo das ligas para exportação e consumo interno. Com menos concorrência, alguns compradores decidiram não repassar para os preços toda a margem que tinham. Nesse quadro muitos cafeicultores não colocaram novos lotes a venda.

A preocupação com o estado dos cafezais pós-colheita, com o clima irregular e a previsão de atraso na chegada das chuvas, também influem na decisão de postergar a venda de novos lotes.

Até dia 20, os embarques de agosto estavam em 1.471.190 sacas de café arábica, 304.484 sacas de café conillon, mais 164.013 sacas de café solúvel, totalizando 1.939.687 sacas embarcadas, contra 2.087.181 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 20, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 2.981.950 sacas, contra 3.020.043 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 21, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 28, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 655 pontos ou US$ 8,66 (R$ 46,89) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 21 a R$ 888,39 por saca, e hoje dia 28 a R$ 905,04. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 400 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:

  • R$650/700,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
  • R$600/640,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
  • R$570/600,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
  • R$510/540,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
  • R$460/490,00 – RIADOS.
  • R$400/440,00 – RIO.
  • R$430/450,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
  • R$410/430,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
  • DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,4150 PARA COMPRA.

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