Boletim Carvalhaes N°29 de 17/07/2020

carvalhaes
17/07/2020
Publicado em

Santos, 17 de julho de 2.020 – ano 87 – número 29.

Sem notícias novas nos fundamentos, o mercado de café apresentou-se calmo, “de lado”, até ontem. Hoje, a queda que vem ocorrendo nos estoques certificados de café na ICE Futures US acabou estimulando uma forte e rápida correção nas cotações dos contratos de café em Nova Iorque.

Esses contratos passaram os primeiros quatro dias da semana alternando altas e baixas moderadas, quase sempre em direção oposta aos da cotação do dólar frente ao real. Quando colocadas em reais por saca, as cotações do café na ICE permaneceram praticamente estáveis até ontem. Hoje subiram forte tanto os contratos de café na ICE, como a moeda americana frente à nossa.

O mercado físico brasileiro permaneceu calmo. Todos os dias saíram negócios com lotes da safra nova de produtores que precisam de “caixa” para fazer frente às despesas de colheita, mas o volume está abaixo da média para este período do ano. Produtores e compradores agem sempre cautelosamente. As bases de preço oferecidas no mercado não estimulam os cafeicultores a fazerem vendas maiores e os compradores vão comprando conforme suas necessidades de embarque imediato, aguardando um movimento mais forte, com novas compras dos importadores de nossos cafés. Como todo ano, eles devem voltar às compras no final do verão no hemisfério norte, época de preparação para o aumento de consumo no outono e inverno. A pandemia continua presente e traz muitas incertezas quanto ao tempo que levaremos para ter vacinas eficazes e com elas a volta consistente do consumo “fora do lar”.

Nesse quadro, os produtores estão com suas atenções voltadas para a colheita da nova safra, que avança bem, mas em velocidade menor que a de anos anteriores, e só agora se aproxima dos 50%. É uma colheita muito trabalhosa e cara devido aos cuidados e equipamentos necessários para evitar o contágio dos catadores e dos responsáveis pela seca e benefício do café colhido.

A pandemia parece estar próxima ao pico e se estabilizando nas grandes cidades brasileiras, mas avança de modo preocupante nas pequenas e médias cidades que vivem da produção agrícola. Os primeiros lotes de café de boa qualidade são reservados pelos cafeicultores para cumprir seus contratos de venda com entrega futura e assim, boa parte dos lotes que estão sendo colocados para venda no mercado, são de cafés de média qualidade a fracos. O volume oferecido vai crescendo semana após semana, mas não é muito grande.

À medida que os trabalhos avançam, a safra vai se mostrando de bom tamanho e qualidade. Em nossa opinião a nova safra, de ciclo alto, mesmo que venha a se confirmar como um novo recorde, será apenas a necessária para cumprirmos nossos compromissos neste ano-safra (julho de 2020 a junho de 2021) e, o pouco que restar, será necessário para complementar nossas necessidades no ano-safra 2021/2022, de ciclo baixo.

Esta semana o CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil divulgou nossas exportações de junho passado, fechando o ano-safra 2019/2020. O total exportado pelo Brasil em 2019/2020 somou 39,9 milhões de sacas de 60 kg, queda de 3,6% ante o ciclo anterior, de ciclo alto. Mesmo assim é o segundo maior volume exportado pelo Brasil em um ano-safra, só perdendo para o que embarcamos em 2018/2019, 41,42 milhões de sacas de 60 kg. Nosso recorde histórico. Esses números mostram como Brasil vem conseguindo crescer e conquistar novos mercados. Vários analistas e operadores já trabalham com a possibilidade de alcançarmos 43 milhões de sacas no ciclo que começa agora.

Se esse volume se confirmar e somarmos a ele um consumo interno ao redor de 21/22 milhões de sacas, fica claro que nossa atual safra 2020/2021 será apenas suficiente para atendermos nossos compromissos. A pergunta que fica é se restará café para “ajudar” os embarques e consumo em 2021/2022, quando colheremos uma safra de ciclo baixo. Vamos precisar que o clima nos ajude. Não poderemos ter secas nos próximos meses.
A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 7.061.198 em 30 de junho de 2020.

Uma alta de 336.367 sacas em relação às 6.724.831 sacas existentes em 31 de maio de 2020.

O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de junho foram embarcadas 2.799.933 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 10 % (302.863 sacas) menos que no mesmo mês de 2019 e 14 % (443.429 sacas) menos que no último mês de maio. Foram 1.854.727 sacas de café arábica e 617.739 sacas de café conilon, totalizando 2.472.466 sacas de café verde, que somadas a 327.034 sacas de solúvel e 433 sacas de torrado, totalizaram 2.799.933 sacas exportadas em junho último.

Até dia, 7 os embarques de julho estavam em 533.990 sacas de café arábica, 114.972 sacas de café conillon, mais 59.793 sacas de café solúvel, totalizando 708.755 sacas embarcadas, contra 529.873 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 17, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 1.584.195 sacas, contra 1.242.331 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 10, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 17, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 490 pontos ou US$ 6,48 (R$ 34,88) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 10 a R$ 685,69 por saca, e hoje dia 17 a R$ 728,44. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 395 pontos. No mercado estável de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:

  • R$580/610,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
  • $500/520,00 – FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
  • R$480/500,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
  • R$430/450,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
  • R$400/420,00 – RIADOS.
  • R$380/400,00 – RIO.
  • R$400/410,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
  • R$390/400,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
  • DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,3830 PARA COMPRA.

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