Santos, 29 de maio de 2.020 – ano 87 – número 22.
Tivemos uma semana negativa para os negócios de café. As cotações dos contratos de café na ICE Futures US recuaram apesar da passagem de uma forte frente fria em pleno mês de maio (a segunda deste ano) sobre os cafezais do sudeste brasileiro.
Um centro de alta pressão de 1019 milibares entre a Mogiana Paulista e o sul de Minas Gerais, a região produtora mais atingida, favoreceu a queda de temperatura durante as madrugadas de quarta e quinta-feira. Não houveram danos significativos no café, embora tenham sido registradas as menores temperaturas do ano em alguns municípios.
Para os operadores, prevaleceu a divulgação pelo Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA, de sua estimativa de produção para a safra brasileira de café 2020/2021. Segundo o USDA ela ficará em 67,9 milhões de sacas, que se confirmada, será um novo recorde de produção para o Brasil. É o volume mais alto das diversas estimativas que circulam no
mercado e bem acima da estimativa oficial brasileira, divulgada em janeiro último pela CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Segundo o primeiro levantamento da CONAB (são quatro levantamentos no de correr do ano) para a nova safra 2020/2021, ela deverá alcançar entre 57,2 milhões e 62,02 milhões de sacas beneficiadas. É uma diferença importante em
relação ao volume divulgado pelo USDA.
Com os números do departamento de agricultura americano, mais as informações sobre o bom andamento dos trabalhos de colheita no Brasil, apesar das esperadas dificuldades impostas pelas excepcionais precauções necessárias para proteger da pandemia de covid-19 os trabalhadores envolvidos, os operadores derrubaram as cotações do café em Nova Iorque
e nas demais bolsas. Os contratos de café com vencimento em julho próximo na ICE Futures US em Nova Iorque recuaram 730 pontos nesta semana.
O dólar, após recuar frente ao real por duas semanas, saindo de R$ 6 e chegando até pouco abaixo de R$ 5,30, trabalhou em alta ontem, em um ajuste técnico depois da forte e rápida queda. Hoje, abriu em alta, mas voltou a cair no decorrer do dia, apesar do acirramento nas disputas políticas em Brasília. Na semana recuou 4%.
Com bolsas e dólar em baixa, o mercado físico brasileiro praticamente não trabalhou. No decorrer da semana os compradores foram recuando com o valor de suas ofertas acompanhando Nova Iorque e a queda do dólar frente ao real. Os cafeicultores não aceitaram vender nas bases oferecidas e o mercado “travou”. Os produtores saíram do mercado e voltaram
suas atenções para os trabalhos de colheita.
Em nossa opinião, mesmo que os números do USDA venham a se confirmar, o quadro continuará sendo de equilíbrio. Estaremos com estoques de passagem, no final de junho próximo, muito baixos e precisaremos no novo ano-safra 2020/2021(julho de 2020 a junho de 2021) de aproximadamente 63 milhões de sacas para cumprir nossos compromissos de exportação e abastecimento do consumo interno brasileiro. O que restaria no estoque de passagem em junho de 2021 seria necessário para complementar nossas necessidades no ano-safra 2021/2022, que será de ciclo baixo.
A CONAB precisa analisar esses números de produção do maior produtor global, levantados pelo maior consumidor de café do mundo e maior importador de cafés brasileiros, e esclarecer as razões dessas diferenças, que se repetem ano após ano, em relação ao levantamento elaborado por ela. Até dia 28, os embarques de maio estavam em 1.563.034 sacas de café arábica, 451.398 sacas de café conillon, mais 98.620 sacas de café solúvel, totalizando 2.113.052 sacas embarcadas, contra 1.804.679 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 28, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 2.993.939 sacas, contra
3.147.946 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 22 sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 29, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 730 pontos ou US$ 9,66 (R$51,56) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 22 a R$ 764,56 por saca, e hoje dia 29 a R$679,98. Hoje, sexta-feira, nos contratos para
entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 280 pontos. No mercado paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2019/2020, condição porta de armazém
- R$590/630,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
- R$540/560,00 – FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
- R$500/520,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
- R$450/480,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
- R$420/440,00 – RIADOS.
- R$380/400,00 – RIO.
- R$400/410,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
- R$390/400,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
- DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,3380 PARA COMPRA.