Santos, 22 de maio de 2.020 – ano 87 – número 21.
Em meio ao agravamento da pandemia da covid-19, que vai se disseminando pelo mundo, agora com mais força na América Latina, principalmente no Brasil, onde começa a atingir cidades médias e pequenas, o quadro da economia global piora e o da brasileira a cada dia preocupa mais os agentes econômicos.
No mercado de café, o incerto cenário econômico global trouxe um sentimento de cautela e observação para os operadores e especuladores. Em Nova Iorque, os contratos de café oscilaram menos, e, sem novidades nos fundamentos, trabalharam em baixa moderada na maior parte dos dias. Os contratos com vencimento em julho próximo somaram perdas de
325 pontos da abertura na segunda-feira até o fechamento de hoje. O dólar, apesar do crescimento da tensão EUA – China e das divergências políticas no Brasil, apresentou-se mais calmo e recuou 4% frente ao real nesta semana, depois de ter acumulado 8% de alta nas duas anteriores.
Com a moeda americana e os contratos de café na ICE em Nova Iorque acumulando baixas na semana, o mercado físico brasileiro de café apresentou-se calmo, com as ofertas dos compradores recuando ao longo dos dias. Como são raros os lotes ainda em mãos de produtores neste final de ano-safra, os poucos negócios que saíram na semana foram sempre para
compradores com necessidade de compra imediata e assim dispostos a pagar acima da média dos preços oferecidos no mercado.
Estamos ainda em maio e esta subindo a segunda frente fria forte deste ano. Ela deverá chegar sobre os cafezais do sudeste brasileiro neste final de semana. Segundo a SOMAR Meteorologia, a frente fria está avançando e hoje já provocou chuva forte no Paraná. Até o final do dia, a chuva alcança o Sudeste e o sábado também vai ser um dia de tempo instável nas áreas produtoras entre Paraná, São Paulo e sul de Minas. No domingo, o tempo seca e esfria, a temperatura entra em declínio, mas sem risco para geadas no café, já que as mínimas não baixarão de 4ºC.
Os trabalhos de colheita avançam a uma velocidade menor que a usual em outros anos. Os cuidados adotados pelos cafeicultores são bem maiores devido à pandemia da covid-19. Procuram, sempre que possível, usar mão de obra da própria região, diminuindo a expansão do vírus. É uma boa solução, contribuindo com o combate à pandemia e dando trabalho e renda
para milhares de brasileiros que perderam seus empregos com a crise econômica advinda da chegada do vírus ao Brasil.
Os lotes da nova safra de arábica que chegam ao mercado ainda são poucos e estão com alto percentual de verdes devido a um início de colheita precipitado por parte de alguns produtores.
A perspectiva para a nova safra é boa. Apesar da crise, o consumo interno brasileiro e dos principais países consumidores continua surpreendendo positivamente, com o crescimento do consumo doméstico compensando boa parte da queda do consumo fora do lar. As principais cidades americanas e europeias começam a programar a abertura do comércio e o
fim da quarentena. O consumo em cafeterias, restaurantes e escritórios será retomado aos poucos, nos próximos meses.
Muitos cafeicultores brasileiros já venderam parte de sua safra para entrega nos próximos meses e os fundos provenientes do FUNCAFÉ, para financiamento dos trabalhos de colheita e armazenagem da nova safra, chegarão mais cedo aos bancos neste ano. Assim, os produtores poderão programar com calma a entrada de seus cafés no mercado ao longo de
todo o novo ano-safra.
A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.517.867 em 30 de abril de 2020. Uma alta de 494.299 sacas em relação às 6.023.568 sacas existentes em 31 de março de 2020.
Até dia 21 os embarques de maio estavam em 955.322 sacas de café arábica, 258.175 sacas de café conillon, mais 67.719 sacas de café solúvel, totalizando 1.281.216 sacas embarcadas, contra 654.824 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 21, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 2.248.161 sacas, contra
1.849.850 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 15 sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 22, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 325 pontos ou US$ 4,30 (R$23,98) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 15 a R$ 825,15 por saca, e hoje dia 22 a R$764,56. Hoje, sexta-feira, nos contratos para
entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 115 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2019/2020, condição porta de armazém
- R$640/670,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
- R$590/620,00 – FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
- R$520/550,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
- R$500/520,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
- R$450/480,00 – RIADOS.
- R$400/420,00 – RIO.
- R$410/420,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
- R$400/410,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
- DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,5790 PARA COMPRA.