Santos, 17 de abril de 2.020 – ano 87 – número 16.
Com a covid-19 se espalhando pelo mundo, todas as análises e prognósticos sobre a economia global giram em torno das medidas necessárias para controlar a pandemia. O FMI – Fundo Monetário Internacional avalia que mesmo com uma ação coordenada dos bancos centrais – até o momento, programas anunciados já ultrapassam US$ 6 trilhões – a pandemia do coronavírus já afeta dramaticamente o sistema financeiro global e há uma grande incerteza sobre a severidade e duração da retração econômica causada pelas medidas para contenção do vírus. Segundo o FMI, uma futura intensificação da crise pode ameaçar a estabilidade financeira global (FMI – Relatório de Estabilidade Financeira Global / jornal Valor Econômico).
Nesse quadro de incertezas e profundas desconfianças, os mercados ao redor do mundo reagem instantaneamente a cada declaração de um líder mundial ou novos números e informações divulgados na imprensa. As bolsas sobem e descem com força, passando em segundos de posições em alta para posições em baixa e vice versa.
As bolsas de café não escapam desse cenário, mas os baixos estoques mundiais e a preocupação dos operadores com os problemas logísticos que a covid-19 pode trazer aos embarques de café e para a colheita e benefício da nova safra 2020/2021 contribuem para a sustentação das cotações. Como temos dito em boletins anteriores, com o avanço da pandemia, O ambiente é de preocupação com as possíveis restrições ao trabalho no abastecimento, transporte e embarque de café. Também são crescentes as preocupações com as dificuldades que os produtores poderão enfrentar para colher a nova safra brasileira de café, cujo início coincidirá com os meses de agravamento da pandemia no Brasil, maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor de café do mundo.
A pandemia começa a se espalhar pela América latina e central. A chegada da covid-19 à África alarma as lideranças globais. A certeza de que esse quadro irá se agravar nos próximos meses quando, a partir de maio, se inicia a colheita no Brasil, e, a partir de setembro, nos demais países produtores de café, vem dando sustentação aos preços.
Através de sua secretaria de agricultura, o governo de Minas Gerais, estado responsável por mais de 50% da produção brasileira de café, elencou diversas recomendações aos cafeicultores mineiros, alertando que a pandemia exigirá mais cuidados durante o período de colheita do café. Orientou também para uma excepcional e voluntária postergação do início da colheita por um período de 15 a 20 dias.
Os contratos de café na ICE Futures US alternaram dias em alta com dias em baixa. Apesar da queda de 255 pontos no balanço da semana, em reais por saca tivemos uma pequena alta nos contratos de café em Nova Iorque. A alta do dólar frente ao real compensou a queda na ICE.
O mercado físico brasileiro continuou comprador. Nos dias em que a ICE trabalhou em alta foram fechados mais negócios. Estamos na entressafra e é pouco o café oferecido no mercado. Esses lotes estão em mãos de produtores mais capitalizados, que resistem em vender nos dias de queda. Assim, os negócios acabam saindo nos dias em que Nova Iorque trabalha em alta e as ofertas dos compradores sobem de patamar. Como sempre, a procura maior são por lotes de boa qualidade a finos da safra atual.
A OIC – Organização Internacional do Café divulgou esta semana um relatório sobre o impacto do Covid-19 sobre o setor cafeeiro global. É uma avaliação preliminar e é baseada em uma amostragem dos 20 maiores países consumidores de café.
A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.023.568 em 31 de março de 2020. Uma baixa de 288.658 sacas em relação às 6.312.226 sacas existentes em 29 de fevereiro de 2020.
Até dia 16, os embarques de abril estavam em 434.250 sacas de café arábica, 67.902 sacas de café conillon, mais 44.117 sacas de café solúvel, totalizando 546.269 sacas embarcadas, contra 789.514 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 16, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.616.149 sacas, contra 1.817.389 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 9, quinta-feira, até o fechamento de hoje, dia 17, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 255 pontos ou US$ 3,37 (R$17,64) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 9 a R$ 798,70 por saca, e hoje dia 17 a R$ 803,48. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 255 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2019/2020, condição porta de armazém
- R$640/680,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
- R$620/650,00 – FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
- R$570/600,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
- R$500/530,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
- R$460/480,00 – RIADOS.
- R$400/420,00 – RIO.
- R$420/440,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
- R$400/420,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
- DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,2340 PARA COMPRA.