Santos, 03 de abril de 2.020 – ano 87 – número 14.
O impacto com o avanço e agravamento da pandemia da covid-19 por todo o mundo continuou dominando as análises e o comportamento dos mercados globais. Caem os preços de praticamente todas as classes de ativos. Como exemplo, em março, o índice Bovespa, que reúne as principais ações negociadas na B3, teve queda de 29,9%. Foi o pior mês da bolsa paulista em quase 22 anos. Desde o início do ano, a queda acumulada é de 36,86% (fonte: jornal Valor Econômico).
Os mercados globais oscilam forte acompanhando informes do avanço da covid-19 e declarações das principais lideranças mundiais, principalmente as do presidente americano Donald Trump. Com o forte aumento do número de infectados nos EUA, Nova Iorque à frente, cresce a preocupação, quase certeza, de uma recessão mundial.
Nesse quadro trágico, o mercado de café, apesar de fortes oscilações diárias, teve seus preços sustentados na ICE Futures US em Nova Iorque e em alta no Brasil com mais uma semana de escalada do dólar frente ao real (o dólar subiu em relação a quase todas as moedas).
O mercado físico brasileiro de café apresentou-se firme por toda a semana e mais ativo nos dias em que Nova Iorque trabalhou em alta. É grande o interesse por todos os tipos de café, mas principalmente pelos arábicas de boa qualidade a finos da safra corrente. O volume de negócios só não é maior, porque estamos no final do ano-safra 2019/2020 e é pouco o volume de café em mãos de produtores.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) iniciou os preparativos para a pesquisa dos estoques privados de café. As informações deverão ter como data base os estoques do dia 31 de março de 2020, sem incluir o produto da nova safra. Os volumes são informados separadamente, por unidade armazenadora e por tipo (arábica ou canéfora).
No Brasil, o ambiente continua sendo de cautela com o abastecimento, embarque e transporte de café frente às restrições de trabalho impostas pelo combate à pandemia. As preocupações são crescentes com as dificuldades que os cafeicultores enfrentarão para colher a nova safra de café, cujo início coincidirá com o agravamento da pandemia no Brasil.
Cooperativas e associações de produtores trabalham bastante estabelecendo procedimentos e protocolos que permitam colher a próxima safra com trabalhadores mais protegidos.
Às vésperas do início da colheita de conilon no Brasil, onde a colheita é mais manual, alguns pesquisadores recomendam, à medida do possível, um adiamento dos trabalhos, com o objetivo de eventualmente deixar para trás o pico da doença no país e obter melhor qualidade, realizando então a colheita de um maior número de grãos maduros, chamados “cerejas”, mais valorizados no mercado. “Estamos pedindo para o produtor esperar um pouco mais para colher o café. Se o produtor colher o café um pouco mais à frente, ele terá um percentual de cereja maior, aí vamos melhorar ainda mais a qualidade”, disse o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho, coordenador técnico de cafeicultura no INCAPER, o órgão de assistência técnica do Espírito Santo (fonte: Reuters).
A pandemia começa agora a se alastrar por todo hemisfério sul e deve atingir também países produtores de café na América Central e na África.
Dados publicados hoje pela Bloomberg apontam que cafeterias e padarias fechadas em decorrência da pandemia do Coronavírus, fizeram aumentar de maneira expressiva o consumo doméstico de café nos últimos dias em dois importantes importadores de café brasileiro. O aumento foi registrado tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido. Segundo o levantamento, o volume de vendas de café nos varejistas americanos teve um salto de 31% até o dia 22 de março. O balanço corresponde a quatro semanas encerradas nesta data e tem como comparativo o mesmo período no ano passado. Já no Reino Unido, as vendas em supermercados tiveram aumento de 30% na semana encerrada em 14 de março e é o maior aumento registrado nos últimos três anos (Notícias Agrícolas/Bloomberg. Veja mais em nosso site).
Até dia 1, os embarques de março estavam em 2.129.042 sacas de café arábica, 222.286 sacas de café conillon, mais 209.745 sacas de café solúvel, totalizando 2.561.073 sacas embarcadas, contra 2.351.689 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 1, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 3.429.534 sacas, contra 3.001.191 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 1, os embarques de abril estavam em 4.093 sacas de café arábica, 5.137 sacas de café conillon, totalizando 9.230 sacas embarcadas, contra 5.587 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 1, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 149.384 sacas, contra 167.295 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 27, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 3, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 95 pontos ou US$ 1,26 (R$ 6,71) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 27 a R$ 782,48 por saca, e hoje dia 3 a R$ 809,35. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 445 pontos. No mercado calmo de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2019/2020, condição porta de armazém
- R$640/670,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
- R$600/640,00 – FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.]
- R$580/600,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
- R$510/540,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS. R$460/480,00 – RIADOS.
- R$400/440,00 – RIO.
- R$410/430,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
- R$390/410,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
- DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,3250 PARA COMPRA