Na tarde de ontem, 18 de dezembro, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) promoveu o último ABIC Educa do ano. O tema foi “Estratégias para Neutralizar os Gases de Efeito Estufa na Indústria de Café”, com a participação de Tatiana Motta, Coordenadora de Projetos e Carbono da Reservas Votorantim.
A especialista destacou que o Brasil está entre os 10 países que mais emitem carbono no mundo, e isso acontece devido ao uso do solo para a agricultura. Ela mencionou, ainda, a Lei 15.042/24, que regulamenta o mercado de carbono no Brasil ao instituir o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE).
“A legislação estabelece um mercado regulado e voluntário de títulos representativos de emissão ou remoção de gases de efeito estufa, determinando que as empresas que mais poluem devem seguir uma meta de emissão, podendo utilizar tais títulos para compensá-la. A implantação do SBCE se dará em cinco fases, entre quatro e cinco anos”, explicou.
O que é o crédito de carbono?
Com o objetivo de deixar os participantes a par do que se trata o crédito de carbono, a profissional citou sua definição e deu exemplos práticos que uma empresa pode seguir a fim de adquiri-lo.
“Ele é um documento que atesta o seguinte:
- Emitiu-se menos carbono do que o autorizado (ex: uma fábrica melhorou processos e produziu a mesma quantidade de produtos utilizando menos combustível);
- Implementou-se uma tecnologia que emite menos carbono que a previamente existente (ex: troca de uma caldeira de óleo por uma de biomassa);
- Sequestrou-se uma quantidade de carbono (ex: plantio de árvores, injeções de CO2 em rochas porosas);
- Manteve-se o estoque de carbono florestal (ex: manutenção de uma floresta madura, que poderia ser legalmente derrubada e esforços para manutenção da área obrigatória)”, disse.
Estratégias de neutralização de carbono
Após apresentar a definição, Tatiana pontuou os dois diferentes métodos existentes para neutralizar o carbono no planeta. São elas: insetting e offsetting.
O insetting é uma estratégia de compensação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) dentro da própria cadeia de valor, geralmente, ligado às emissões do escopo 3 (indiretas provenientes de fontes sobre as quais a empresa não possui controle direto), mas, não limitado a ele.
Já o offsetting é a compensação das emissões residuais, através de operações diretas ou indiretas, descritas no escopo 1 (emissões decorrentes diretamente do processo produtivo da empresa) e 2 (emissões ligadas à geração de eletricidade utilizada por uma entidade, mas que ocorrem em fontes controladas por outra entidade), por meio da compra de créditos de carbono nos mercados (regulados e voluntários).
“É importante lembrar que a gente faz plantio para neutralização como exemplo de estratégia insetting. No ano passado, neutralizamos o carbono da 29ª edição do Encontro Nacional da Indústria de Café (Encafé), no Legado Verdes do Cerrado, em Niquelândia (GO)”, afirmou.
Por fim, a especialista mencionou boas práticas agrícolas ligadas aos recursos hídricos, ao solo e ao uso de fertilizantes, que contribuem para a redução das emissões de carbono no planeta. Foram elas:
- Eficiência no uso de água – indicador indireto da competência hídrica do empreendimento baseado no método de irrigação empregado;
- Sustentabilidade hídrica – valoriza práticas agrícolas que contribuem para a mitigação da poluição de corpos hídricos;
- Impacto na qualidade da água – mistura parâmetros de qualidade da água em um cenário de atividade agrícola;
- Manejo sustentável do solo – parâmetro que avalia o manejo de solo baseado na sua movimentação, na cobertura do solo e na forma de cultivo;
- Aplicação eficiente de fertilizantes – indicador que avalia os métodos adotados na aplicação de fertilizantes no solo.
