Em maio, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), após deliberação dos conselheiros, elegeu Vinicius Estrela como novo diretor. Ele é o sucessor de Vanusia Nogueira, que assumiu a Diretoria Executiva da Organização Internacional do Café (OIC), em Londres, Inglaterra.
Para o Jornal do Café, Vinicius Estrela conversou a respeito do cenário mundial de cafés especiais e o que a sua gestão irá trazer para a entidade.
Com o ano chegando ao seu segundo semestre e a colheita da safra se iniciando, como avaliar esse período e o que esperar daqui para frente?
Estamos vivenciando um período com enormes desafios, que vão desde o aumento dos custos de produção, inflação global, reorganização das cadeias produtivas e questões climáticas. No entanto, estamos colhendo uma boa safra em qualidade, com boas perspectivas, que nos impulsiona a uma agenda de retomada importante, seja com as feiras e eventos internacionais, por meio do projeto setorial Brazil. The Coffee Nation, realizado pela BSCA, em parceria com a ApexBrasil, ou mesmo com os concursos de qualidade e eventos no país que nós organizamos e apoiamos.
O mercado passa por um momento conturbado, com o conflito no Leste Europeu dificultando exportações e o clima afetando as colheitas, como encarar essa fase?
Temos de encarar o momento desafiador com o otimismo que caracteriza o cafeicultor brasileiro, ainda mais o segmento que tem como identidade o café especial, que exige compromisso com a qualidade e a sustentabilidade, inclusive econômica, de toda a cadeia produtiva. Ao longo de séculos, o café brasileiro passou por diversas crises e soube, ano após ano, safra após safra, trilhar o caminho brilhante que nos colocou como um dos mais prestigiados países produtores de cafés especiais do mundo. A BSCA está atenta ao cenário global para trazer as oportunidades à cadeia brasileira para podermos superar mais esse momento delicado.
[ABIC Entrevista: Gil Barabach, da consultoria Safras & Mercado]
O que espera trazer de novidades para sua gestão?
Espero poder contribuir com o excelente trabalho que já vem sendo realizado pela entidade, incrementando as oportunidades no mercado internacional e no Brasil para a cadeia de cafés especiais. De forma consistente, buscar o reconhecimento institucional e o respeito técnico que a entidade construiu ao longo de décadas de trabalho árduo na projeção de um futuro de valorização e crescimento da cadeia produtiva do café especial no Brasil e internacionalmente, do produtor ao consumidor final.
De que maneira o Brasil, que já é player muito importante para o mercado cafeeiro internacional, pode consolidar ainda mais sua posição?
Creio que o café especial brasileiro tem um papel fundamental na agregação de valor na marca Brasil para o mercado cafeeiro. É por meio da presença internacional do Brasil no mercado de cafés especiais que consolidamos a imagem de um setor comprometido com a qualidade, com agregação de valor, sustentável, e, principalmente, posicionando o Brasil, seus produtores e regiões produtoras como protagonistas no cenário internacional de cafés, beneficiando toda a cadeia produtiva do café brasileiro.
Qual a sua expectativa para o futuro dos cafés especiais?
Tenho convicção de que os desafios que se apresentam para os cafés especiais são do tamanho da importância deles para o total dos cafés, ou seja: enormes. Se, há décadas, falávamos de desafios e expectativas de um mercado de nicho, ousaria dizer que falamos, hoje, de um segmento, com importância e consumos reconhecidos ao logo da cadeia, ou seja, do produtor ao consumidor final. E a minha expectativa é a de que o fortalecimento desta cadeia produtiva, com serviços de apoio da BSCA a todos os elos, seja por meio da educação, com a BSCA School, seja por meio da agenda de promoção internacional e nacional, através dos treinamentos, concursos, campeonatos e tantas outras iniciativas da BSCA, que projetam um futuro promissor aos cafés especiais.