Os supermercados foram um dos poucos setores que se mantiveram abertos durante a fase mais rígida do isolamento social. Porém, o impacto nos preços e no comportamento dos consumidores trouxe mudanças que se mantém até o momento.
Para explicar um pouco sobre essas transformações, o Jornal do Café preparou uma entrevista exclusiva com Marcio Milan, Vice-Presidente Institucional e Administrativo na Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). O executivo também fala sobre o espaço que o café ocupa no carrinho dos brasileiros.
Confira a entrevista!
De que forma o comportamento do consumidor foi alterado com a pandemia?
Os consumidores ampliaram as opções de consumo em casa. Passaram a preocupar-se mais com a saúde física e mental, adotando práticas como a meditação e o esporte.
Quais desses “novos comportamentos” deverão permanecer no período pós-pandemia?
Valorização da casa, do lar, da alimentação e do trabalho híbrido (casa e escritório).
O setor do varejo foi um dos menos afetados durante o período. De que forma o setor investiu para melhorar a experiência dos consumidores?
O varejo se adaptou rapidamente, garantindo aos consumidores que os supermercados eram e são os lugares mais seguros para fazer suas compras. O varejo adota protocolos de segurança, de limpeza e de higienização para os seus funcionários, fornecedores e consumidores.
Como o setor se preparou para lidar com o aumento do número de consumidores durante a pandemia?
Em função do distanciamento, o varejo adotou controle nos estacionamentos de entrada e saída de clientes, marcações no piso para manter a distância, controle de cestas e carrinhos de compra, além de evitar degustações e ofertas agressivas.
Nesse período, quais foram os produtos e alimentos mais procurados?
No período da pandemia, as commodities cresceram mais de 30% e os perecíveis frescos em torno de 24%. Ambos os números são comparações entre 2020 e 2019. As pessoas em casa passaram a preparar as suas alimentações e aumentaram as opções de consumo. Notamos, também, um crescimento no consumo de algumas bebidas alcoólicas, como os vinhos, que foram denominados de “bebida da quarentena”. Em 2020, a venda de vinhos teve uma alta de 31% impulsionada pela pandemia. Produtos da cesta de higiene e de limpeza também se destacaram. No primeiro semestre de 2020, os antissépticos para as mãos cresceram mais de 900% em comparação com 2019.
[Leia a série que o Jornal do Café produziu sobre a História do café]
Quais os produtos que mais ganharam espaço no carrinho de compras? E quais perderam espaço?
As cervejas puro malte e premium ganharam espaço no carrinho dos consumidores, assim como os cafés especiais (premium solúvel, torrado/moído e cápsulas), que permanecem crescendo. Categorias indulgentes, como os chocolates, também ganharam espaço. Os bolos/rocamboles e monoporções cresceram 10% em volume no 1º semestre de 2021 em comparação a 2020. Em contrapartida, a farinha de trigo caiu 1% no mesmo período, saindo do carrinho de compras de algumas famílias.
Houve uma preocupação dos consumidores com o aumento no preço dos produtos?
Os consumidores passaram a pesquisar mais, o varejo passou a oferecer mais opções de compra com novas marcas e o aumento de ofertas e de promoções para manter a fidelidade do consumidor.
Em relação ao café, foi percebido um aumento no consumo?
Sim, comparando janeiro a setembro de 2021 com o mesmo período de 2020, o volume de vendas de café cresceu em torno de 5% no autosserviço nacional, resultando no aumento de consumo nos lares brasileiros.
Qual espaço o café ocupa no carrinho de compra dos brasileiros?
Um espaço bem especial e permanente para boa parte das famílias. Notamos crescimento nas vendas em volume e na diversidade de cafés. O café em pó cresceu 4,6%, as cápsulas 14,5%, e o solúvel 8,6%. E não para por aí, o café capuccino cresceu 7,2%, já o café com leite 18,9%. Estes resultados demonstram que a categoria é democrática, pois atende vários perfis de consumidores.
Com as novas tecnologias e o fortalecimento do delivery por conta da pandemia, o varejo irá sofrer algum tipo de transformação para ficar mais próximo das pessoas?
Com a aceleração do e-commerce, a perda do medo por parte do consumidor e a mudança para lugares mais distantes, menos urbanos, está fazendo com que o varejo se organize rapidamente, inovando com mini centros de distribuição, Last Mile e minimercados.
Acesse o Jornal do Café para mais notícias do setor!
Reportagem: Usina da Comunicação