O Instituto Axxus, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), realizou uma pesquisa para conhecer as percepções, opiniões, preferências e possíveis objeções dos consumidores em relação ao consumo do café. Saber como e quando o café está presente no dia a dia do consumido e identificar possíveis mudanças nos hábitos de compra e de consumo decorrentes da pandemia, entre 2020 e 2021, também fazem dos objetivos do estudo.
Perfil dos entrevistados
Foram entrevistadas 4.200 pessoas, sendo 1.890 homens (45%) e 2.310 mulheres (55%). As classes D e E representam 56,4%, a classe C corresponde a 27%, a B reflete 13,6% e a classe A abrange 3% dos entrevistados. A estratificação por faixa etária é: 21% até 14 anos, 16% entre 15 e 24 anos, 24% entre 25 e 39 anos, 20% na faixa de 40 e 54 anos, 13% contempla dos 55 e 69 anos e 6% acima de 70 anos.
“Sensação de conforto” e “aliado nos dias de confinamento” foram algumas das expressões mais repetidas pelos participantes, que deixaram claro a importância emocional da bebida. De acordo com os dados disponibilizados, 56% dos entrevistados afirmaram gostar muito de café, um aumento de 3% em relação ao último mapeamento, realizado em 2019. 23% declararam que gostam, 16% que gostam moderadamente, e apenas 0,5% dizem não gostar da bebida.
“A pesquisa “Hábitos de Consumo do Café no Brasil”, realizada pelo Instituto Axxus, em parceria com a ABIC, é de extrema relevância para o setor como um todo. Além de mostrar um aumento no consumo de café em 2021, o levantamento revelou como a bebida foi importante para os brasileiros durante o isolamento social. É uma prova de que o café possui um alto valor afetivo e grande relevância econômica. É um forte incentivo para a industria continuar trabalhando com o objetivo de entregar cafés de qualidade para o consumidor”, afirma Celírio Inácio, Diretor Executivo da ABIC.
Durante a fase mais rígida do isolamento social, em função da pandemia, muitas pessoas redescobriram o gosto pelo grão e se sentiram motivadas a experimentar as suas variedades de sabor e aroma, bem como em testar novas formas de preparo.
“O crescimento no número dos que gostam ou gostam muito de café ocorreu pois, confinadas em casa, as pessoas ficaram mais expostas às novas experiências. Muitas gostaram e passaram a integrar o grupo de grandes apreciadores do grão. O café não é apenas um produto tangível, ele é repleto de significados e emoções”, comenta Rodnei Domingues, Professor, Coordenador e Pesquisador Responsável do Instituto Axxus
Aumento no consumo diário de café
Outra informação interessante revelada pela pesquisa foi o aumento no consumo diário de café em relação ao ano base. 30% dos entrevistados bebem mais de seis xícaras por dia, enquanto 45% tomam entre três e cinco. 10% afirmam beber até duas xícaras e 12% até uma. Houve uma redução de 5% no número de pessoas que declararam não consumir café.
Horários e motivações
O levantamento descobriu que 98% dos brasileiros preferem tomar café ao acordar. Já 89% optam pela ingestão no período da manhã, e 79% o preferem após o almoço. O período da tarde foi escolhido por 64% dos participantes, e a noite por 38%.
O que não falta é motivação para tomar café. Mas, elaborar uma justificativa é importante. 57% tomam a bebida com o objetivo de melhorar o humor e a disposição. Por outro lado, 39% afirmam consumir o grão por prazer e bem-estar.
O consumo no lar é campeão
A pandemia mudou o hábito de consumo dos brasileiros. A maioria deixou de beber café no trabalho e passou a fazê-lo em casa. Ao serem questionados sobre o local onde mais consomem café, o lar saiu vitorioso. Em segundo lugar, ficou a casa de parentes e amigos. As cafeterias, os bares e restaurantes ficaram em último, resultado motivado pelos meses de isolamento social e consequente fechamento do comércio.
Critérios de consumo e certificação
Em 2021, os consumidores ficaram mais sensíveis aos preços dos produtos. Se em 2019, a média de marcas de preferência eram duas, esse ano ela passou para quatro. 39% dos participantes declararam escolher a de menor preço entre as marcas que preferem.
A pesquisa do Instituto Axxus, em parceria com a ABIC, também revelou que as pessoas estão mais conscientes quanto a necessidade de comprar produtos certificados: 81% acreditam que o café com selo é melhor, e 72% das classes A, B e C, estão dispostos a pagar até R$ 0,60 (6%) a mais, pelo produto certificado.
Para Sérgio Parreiras Pereira, Pesquisador Científico do Instituto Agronômico (IAC), órgão ligado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a pesquisa é de grande relevância para o setor cafeeiro, pois além de apresentar um panorama atual dos hábitos e das preferências dos consumidores de café no Brasil, compara com o período anterior à pandemia. Em função da amostragem empregada, permite inferência sobre a população do país, com um elevado intervalo de confiança e baixo nível de erro.