ABIC dá início ao 30º Encontro Nacional da Indústria de Café, em Campinas, e aborda questões como mercado americano, reforma tributária e café fake

Primeiro dia de evento teve participação remota de Bill Murray, da NCA (Foto: Divulgação/ABIC)

30º Encafé - Divulgação ABIC
24/04/2025
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Nesta quarta-feira, 23 de abril, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) iniciou a 30ª edição do Encontro da Indústria de Café (ENCAFÉ), no Royal Palm Hall, em Campinas (SP). Patrocinado pelo SEBRAE, o evento é considerado um dos mais relevantes do mercado de café no Brasil. Neste ano, o ENCAFÉ conta com 835 inscritos, 412 empresas participantes, sendo 90 associadas da ABIC, diversas entidades e associações, além de 73 palestrantes. Além disso, mais uma vez, o encontro é palco de uma das etapas do 3º Campeonato Brasileiro de Blends de Café

Em sua fala de abertura, Pavel Cardoso, Presidente da ABIC enfatizou os resultados positivos da mudança do evento e ressaltou as últimas conquistas da Associação. 

“É um momento oportuno para registrar as conquistas da ABIC. Apesar do momento desafiador para a indústria cafeeira, tivemos ganhos importantes nos últimos tempos como  maior valor agregado dos nossos produtos, consumo positivo do café em nosso país, gôndola certificada, que gerou uma aproximação histórica com o varejo supermercadista, e  o combate firme ao café fake”, analisa Cardoso.

Pavel Cardoso na cerimônia de abertura do 30º ENCAFÉ (Foto: Divulgação/ABIC)

Tendências e Práticas Inovadoras Mundiais

O economista, cientista político e diplomata, Marcos Troyjo, foi o responsável pela primeira palestra do dia com o tema “Tendências e Práticas Inovadoras Mundiais”. Dentre os pontos comentados, Troyjo destacou como o aumento robusto da população de países como Índia, Paquistão, Indonésia, Nigéria e Congo nos próximos 20, 25 anos vai colaborar com o fortalecimento da indústria do café brasileiro. 

“Quando um país possui uma renda per capita baixa, a Índia é um exemplo, e a população cresce de uma maneira rápida, as pessoas comem mais. A faixa de mercado de vocês está na expansão dramática das grandes economias emergentes”, analisou o cientista político.

O mercado de café dos EUA: tendências e desenvolvimento

De forma remota, William Bill Murray, Presidente da NCA, explanou sobre o mercado de café americano. 

“Precisamos de um mercado bem organizado e seguro. A nossa intenção é garantir que as agências reguladoras tenham informações precisas sobre o café para que atuem de forma reativa”, comentou.

Murray destaca pontos como:

  • Concorrência: “ao olhar o consumo de café, vemos que houve um consumo gradual e lento, mas, a concorrência explodiu. Enquanto antes havia de 15 a 30 marcas de bebidas, hoje, é possível encontrar mais de 970 opções”; 
  • Regime de trabalho: “o futuro será remoto ou híbrido? Ao mesmo tempo em que as pessoas gostam de trabalhar de home office, elas sentem falta de encontrar seus companheiros de equipe e compartilhar um momento de conversa e café”;
  • Percepções e educação: “a boa notícia é que o café é saudável. Consumir café diminui os riscos de doenças cognitivas e cardíacas, por exemplo, o que gera uma oportunidade para expandir o mercado nos Estados Unidos nos próximos anos”. 

Reforma tributária e fiscalização de café no Brasil

O Deputado Federal Reginaldo Lopes, relator da regulamentação da reforma tributária na câmara, prestigiou o primeiro dia do ENCAFÉ e demonstrou otimismo com a mudança. “Para funcionar na prática, a tecnologia tem de ser nossa aliada. Tanto que pedi na câmara uma comissão externa de acompanhamento. Vamos reduzir pelo menos 5% de fraude, sonegação e inadimplência. Vejo um horizonte positivo na indústria, sendo mais competitiva no mercado interno e externo. Nosso cálculo é que em função do ganho de competitividade, em 10 anos, o PIB do país cresça 20%”.

Café fake

Na sequência, Hugo Caruso, Diretor do DIPOV/MAPA, destacou a boa conversa com a Anvisa na luta contra a venda de café fake. “Passaremos nossas autuações e ela vai realizar uma análise. Estando tudo de acordo com a legislação, a Anvisa proibirá a comercialização dos produtos dessas marcas”.

Pesquisa inédita: café forte e a percepção do consumidor

Anna Neves, doutoranda em Alimentos e Nutrição (UNICAMP), apresentou os resultados da sua pesquisa “Café forte e a percepção do consumidor”. O objetivo do trabalho foi analisar como os brasileiros definem e percebem o café forte, explorar os aspectos simbólicos e sensoriais da bebida e oferecer insights para otimizar a oferta de cafés no país. Para isso, foram feitas 35 entrevistas (17 mulheres e 18 homens, na média de idade de 31 anos) com duração entre 20 e 40 minutos e experimentação de três tipos de cafés (especial, gourmet e tradicional). Para a análise de dados foi usada a técnica do sujeito coletivo. 

“Como resultado, 40% dos entrevistados responderam que o momento memorável deles com o café está ligado à infância. Em seguida, 31% dos respondentes alegaram a ligação com novos sabores, como caramelo e frutas, enquanto 17% afirmaram a relação com o turismo rural. Já no quesito motivação para ingerir a bebida, 45% disseram que consomem café pela sociabilização, 40% tomam pelo hábito de fazer o café e sentir o aroma do preparo, 25,7% por conta dos efeitos fisiológicos para estudar e se exercitar, 25,7% apenas por apreciar o sabor e 17% por gostarem de tomar a bebida em momentos de pausa”, explicou Anna.

No quesito o que é café forte, os entrevistados responderam: é o café escuro (60%), é o encorpado e amargo (40%), é o de sabor defumado (28,5%), o que tem sabor adstringente (25,7%), é o intenso (24,5%), é aquele que desperta (22,8%), depende do método de preparo (22,8%), é aquele mais barato (11,4%). 

“Os atributos sensoriais relatados pelos participantes para descrever o café forte estão ligados aos atributos mais marcantes dos cafés tradicionais (escuros, amargos e adstringentes). Além disso, o termo café forte ainda possui uma grande associação com os tradicionais, que são os mais acessíveis e mais consumidos pela população. A aceitação do café forte está relacionada ao efeito funcional que ele proporciona, como alerta, sociabilização, concentração, além do valor”, finalizou. 

O Poder da Embalagem Estratégica foi assunto da palestra de encerramento do primeiro dia de evento com Andréa Menocci, barista, juíza do Campeonato Brasileiro de Barismo e consultora de rotulagem na Cafeística. Andréa apontou os passos para uma embalagem estratégica. Dentre eles estão: definição de conceito, agregação de valor e fidelização.

ENCAFÉ será neutro em emissões de carbono

A parceria com a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) foi renovada a fim de reforçar o compromisso da Associação com a sustentabilidade e tornar o evento neutro em emissões de carbono. 

O ENCAFÉ seguirá até o dia 25 de abril. A programação contará com palestras relevantes para o setor, como de Nelmara Arbex, da KPMG Brasil, João Galassi, Presidente da ABRAS, Carlos Santana, da EISA, Guilherme Morya, da Rabobank, Wilton Bezerra, da Cheirin Bão, João Branco, ex-VP do McDonald’s.

Claudia Abreu Campos | 21 9-9299-8411 | claudia@usinadacomunicacao.com.br

Dayane Barbosa | 21 98654-3171 | dayane@usinadacomunicacao.com.br

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