No dia 24 de maio, em celebração ao Dia Nacional do Café, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) realizou o seminário “Promoção do café por meio da sustentabilidade”. O evento reuniu os principais nomes do ramo para um debate produtivo sobre possíveis soluções para os desafios relacionados à sustentabilidade.
Na sua fala de abertura, Celírio Inácio, Diretor executivo da ABIC, agradeceu aos presentes por se disponibilizarem a discutir um tema tão importante para o setor, em uma data tão significativa: “Além de comemorar o café, queremos também unir e conhecer as iniciativas das diversas entidades, além de ampliar a promoção do produto de forma sustentável”, declarou.
Aline Marotti, Consultora de Qualidade, apresentou os diversos programas desenvolvidos pela entidade, como a campanha “Recicle! É tudo de bom!” e o Programa Cafés Sustentáveis (PSC), que desde 2007 promove a sustentabilidade em toda a cadeia cafeeira.
[Primeira etapa da Coffee Run 2022 reuniu mais de dois mil participantes]
Sustentabilidade: parte integral da cafeicultura
Aguinaldo Lima, Diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Cafés Solúveis (ABICS), destacou que o tema já era presente nos anos 90, e ganhou força ao longo do tempo, passando a ser não só uma forma de agregar valor, mas sim um dever. Lima pontuou também que a pauta é levada a sério nas empresas, investindo tempo com vistorias e processos de certificação de sustentabilidade, que envolvem mais do que meio ambiente: “ESG, equidade de gênero, racial e direitos humanos. Tudo isso faz parte do tema, e deve ser considerado no dia a dia das empresas.”
Marcos Matos, Diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), levantou que a organização está atenta a esses pontos, pois afetam a visão do mercado externo, visto que o Brasil, por ser um produtor tão importante, possui mais responsabilidades: “A cada matéria negativa, por exemplo, que possa sair lá fora, é o setor exportador que precisa comprovar a eficiência da produção brasileira, e essa eficiência engloba a cadeia na totalidade”, acrescenta.
Henrique Cambraia, Presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), reforçou a presença constante do assunto no mercado de cafés especiais, pois a ideia anda em conjunto com a qualidade: “Nos anos 2000, a sustentabilidade passou a ser sinérgica com o meu setor, e desenvolvemos códigos de conduta para os produtores, que elevaram o nível dos produtos”. Ele ainda cita os concursos de qualidade com sustentabilidade como um importante motivador, ajudando os produtores a se engajarem com a questão.
Tecnologia e Capacitação
Maciel Silva, Coordenador de Produção Agrícola na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), trouxe para o seminário a importância da capacitação de produtores e do avanço tecnológico: “Os ganhos que tivemos na sustentabilidade aconteceram por meio da ciência, da pesquisa e da transferência desse conhecimento para os agricultores, para gerirem melhor suas fazendas”. Um dos exemplos citados por Silva é uso mais eficiente de insumos, como a água, possível por meio do avanço científico, e beneficia tanto os membros da cadeia produtiva, quanto o meio ambiente.
Na visão do coordenador, é necessário acelerar a expansão tecnológica para que o Brasil se consolide como a cafeicultura mais sustentável do mundo, e transmitir essa visão para o produtor: “Eles são os responsáveis por essas ações, e as exigências vem de baixo para cima, quem dita esse ritmo é o consumidor.”
Destaque ao Funcafé
Silas Brasileiro, Presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), falou das dificuldades e conquistas do segmento, dando destaque ao Funcafé, linha de crédito que disponibiliza financiamentos dos tratos culturais da lavoura, dando suporte para que o setor continue avançando: “Foram 30 anos de trabalho para chegarmos onde estamos, nosso consumo é muito forte graças aos projetos desenvolvidos ao longo desse tempo.”
Na conclusão do webinar, Silvio Farnese, Diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, afirmou que a questão da sustentabilidade é muito bem trabalhada pela cadeia, e que o Funcafé torna isso possível: “Ele ajuda toda a questão de ambiental, de sustentabilidade e no social. O produtor tem cada vez mais preocupação com sua área produtiva, o que permite que ele aproveite mais essa área disponível, mantendo as reservas para que a sociedade se beneficie de tudo isso”, afirmou.
