Agência Safras
Una, 07 de novembro de 2019 – A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) estima que o Brasil vai fechar o ano de 2019 com exportações recordes em torno de 4,0 milhões de sacas de 60 quilos. Quem afirma é o diretor de relações institucionais da ABICS, Aguinaldo José de Lima, que concedeu entrevista exclusiva à Agência SAFRAS durante o 27º Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que ocorreu de 06 a 10 de novembro no Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba, no município de Una, na Bahia. De janeiro a setembro, o Brasil obteve exportações de solúvel acumuladas de 3,0 milhões de sacas, com aumento de praticamente 10% contra o mesmo período do ano anterior.
Depois da crise vivida em 2016 e 2017 com a escassez de café para a indústria do solúvel, o quadro melhorou com a safra recorde de 2018. Aguinaldo Lima lembra que com a crise hídrica que o Espírito Santo enfrentou em 2016, até a colheita de 2017, o Brasil perdeu cerca de 500 mil sacas de exportação, com a quebra da safra de conilon. Mas, depois a oferta se regularizou e o país voltou a ser muito competitivo, especialmente com a questão do câmbio. “Uma conjunção de fatores positivos está fazendo o Brasil estar ganhando mercado. As empresas começaram a investir mais”, ressalta Aguinaldo Lima.
Segundo Aguinaldo Lima, o setor no momento está muito otimista e competitivo, a despeito dos preços baixos para o produtor. “Do ponto de vista de faturamento, isso não é bom para nenhum setor, porque as margens ficam muito apertadas”, pondera. Existe uma disputa muito grande de mercado, e o cenário atual proporciona ao Brasil uma competitividade fantástica, a ponto de levar o país ao recorde de exportações em volume.
Ele acredita que os embarques podem continuar crescendo em 2020, o que levaria o país a novo recorde, talvez com incremento nas exportações de mais 5% no ano. “Esses investimentos que as empresas estão fazendo (em novas plantas inclusive) já é acreditando na continuidade de ganho de mercado, se apropriando do aumento de consumo no mundo para o solúvel, que cresce num índice um pouco maior que o café fresco, e deslocando concorrentes”, afirma.
O maior mercado do solúvel brasileiro é o asiático, onde estão os maiores concorrentes, como a Indonésia, que passou de quarto maior consumidor do solúvel brasileiro para terceiro agora, superando o Japão. O setor ainda tenta entender esse incremento nos embarques para países asiáticos, como Indonésia e Mianmar, tendo em vista que estes países têm altas tarifas de importação do café solúvel brasileiro, sendo 20% o imposto na Indonésia e 15% em Mianmar, como exemplos. Mianmar passou de nono maior destino do solúvel brasileiro para sexto.
Fonte: Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS