Seminário do Café – Encontro Regional em Belo Horizonte (MG) reúne especialistas e lideranças do setor

Evento foi promovido pela ABIC, em parceria com o SINDICAFÉ/MG

Cópia de Seminário MG (800 x 560 px)
21/11/2024
Publicado em

A ABIC, Associação Brasileira da Indústria de Café, realizou, no dia 19 de novembro, na sede da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), o Seminário do Café – Encontro Regional em Belo Horizonte (MG), em parceria com o Sindicato da Indústria de Café do Estado de Minas Gerais (SINDICAFÉ/MG). O evento reuniu representantes da cadeia cafeeira de todo o país. O objetivo foi debater tendências para o próximo ano, compartilhar conhecimento e fortalecer o setor.

Celírio Inácio, Diretor Executivo da ABIC, deu as boas-vindas aos presentes e agradeceu a acolhida da FIEMG. “É fundamental termos parceiros como a Federação e os Sindicatos. A ABIC fica muito focada aos assuntos nacionais, ao Planalto, atenta em antecipar situações em consonância com os interesses dos Associados. Os Sindicatos têm a capacidade de ouvir as questões regionais e, assim, nos atualizar. Nesse sentido, agradeço ao SINDICAFÉ MG”, comenta Inácio.

A mesa de abertura foi composta por Pavel Cardoso, Presidente da ABIC, Sérgio Meirelles Filho, Presidente do SINDICAFÉ/MG, Roberth Rodrigues e Silva, Diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais, e Arnaldo Bottrel Reis, Presidente da Comissão Tecnica do Café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG).

Pavel Cardoso, Presidente da ABIC, iniciou o quarto Seminário Regional realizado pela entidade agradecendo a presença e enaltecendo a união de todos os atores do setor.  “O  encontro aqui hoje realizado simboliza a proximidade que buscamos realizar, especialmente, em um momento desafiador como o atual. Temos lideranças importantes presentes. Reforço as palavras do Inácio, o sindicato é a voz da ABIC em cada estado e nos direciona sobre as necessidades de cada região”, reflete.

Já o Presidente do Sindicafé, Sérgio Meirelles Filho, abordou o cenário atual da indústria cafeeira. “Estamos passando por um momento de alta do café, o que é ótimo para o produtor, mas, a indústria sofre nessa época. O produtor precisa ganhar, ser bem remunerado, senão não vamos ter café. Porém, o mercado é soberano e não tem como fugirmos disso.”, destacou Filho.

Ciclo de palestras traz temas essenciais para o desenvolvimento do setor

Dr. Felipe Moreira, Consultor Jurídico e Relações Governamentais da ABIC, palestrou sobre “Tendências legislativas e regulatórias na indústria de café: o que esperar para 2025”. Na ocasião, o profissional destacou a necessidade de o setor estar atento ao que está acontecendo, o que já passou e o que está por vir. Ele apresentou, ainda, pautas nacionais, regionais e internacionais ligadas ao setor.

“Em relação às pautas nacionais, a portaria 570 atraiu a atenção do Ministério da Agricultura e Pecuária (DPOV) e, a partir desse momento, tivemos que ficar atentos a tudo o que está sendo feito por ele. A prioridade número 1 é a Regulamentação de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (RISPOV), que vai abordar os mais diversos itens de alimentação e adotar novas obrigações de rotulagem (ex: número de registros no MAPA). A prioridade 2 prevê a revisão da IN MAPA nº08/2003 (Café Beneficiado Grão Cru), a fim de classificar o café pelos atributos positivos e não mais pelos negativos. Os defeitos deverão ser sinalizados apenas em casos em que o produto possa gerar algum risco à saúde do consumidor. Enquanto a prioridade 3 trata sobre a adequação do RISPOV, que demandará a revisão de diversas normas vigentes e a migração do sistema SIPEAGRO pelo Plataforma DAS, uma unificação mais moderna e fácil de usar, que vai permitir uma conexão com a base de dados”, apontou.

Além disso, o especialista mencionou que a aprovação do PLP 68/24 deve ocorrer até janeiro de 2025 (final do mandato dos presidentes Artur Lira e Rodrigo Pacheco). O texto atual prevê o café como item da cesta básica, com alíquota zero de IBS e CBS. Já no âmbito regional, o especialista citou a criação de uma nova estrutura de fiscalização em Minas Gerais pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que tem como objetivo fortalecer o combate à fraude dos produtos de origem vegetal, inclusive, do café.

Por fim, no quesito pautas internacionais, Felipe Moreira mencionou o adiamento do regulamento europeu e produtos livres de desmatamento (EUDR) e o movimento dos países europeus para a criação de um fundo internacional, similar ao Funcafé existente no Brasil, destinado à sustentabilidade e à resiliência da cadeira mundial do café.

Gôndola Certificada

Em seguida, Celírio Inácio, Diretor Executivo da ABIC, reforçou a iniciativa da gôndola certificada, que conta com termo de cooperação firmado com a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). “Nós temos, dentro do Brasil, o supermercadista e o atacarejo, que são responsáveis por mais de 90% de tudo o que nós vendemos. É preciso uma conscientização por parte desses atores, pois eles também são responsáveis pelos produtos apresentados nas gôndolas.  A gôndola certificada surge da necessidade de se buscar uma nova forma de como se comunicar com o consumidor. Tenho muito orgulho de termos tirado do papel o projeto e termos regiões abraçando a ideia. Vale lembrar que, o Espírito Santo foi o primeiro estado a assinar o convênio conosco”, destacou.

Com a gôndola certificada, é possível assegurar: a segurança do alimento, a redução de risco e prejuízos e a segmentação da gôndola.

Protocolo Brasileiro de Avaliação Sensorial de Cafés Torrados

Aline Marotti, Coordenadora de Qualidade da ABIC, relembrou o Programa de Qualidade da ABIC e a atualização do protocolo aos participantes. Ela ainda destacou que o principal objetivo da iniciativa foi trazer uma melhoria contínua do café a todos, renovando, alterando e melhorando as análises sensoriais e o foco no consumidor final.

A ficha técnica foi reformulada e houve a inclusão de novos atributos (como doçura e amargor), novos descritores (notas sensoriais como chocolate, amendoado etc.). Houve, também, um desenvolvimento de um algoritmo para a avaliação sensorial (através de um cálculo da categoria) e o início do trabalho dos estilos do café (Tradicional, Extraforte, Superior, Gourmet e Especial), com foco na definição do perfil sensorial de cada bebida, não estando atrelado a uma ordem ou classe.

“Esse protocolo está sendo registrado na ABNT. Fechamos a validação e agora vai à consulta pública, o que deve ser aprovado em março de 2025. É uma conquista muito grande para nós, um reconhecimento. No início do próximo ano, a ABIC vai disponibilizar um aplicativo com uma planilha que permitirá que o próprio torrador possa colocar as características do seu café e categorizá-lo no estilo indicado”, compartilhou.

Mercado chinês no radar

O Presidente da FIEMG, Flávio Roscori, fez uma breve participação durante o Seminário e fez uma provocação aos participantes. “Hoje, vendemos muito café in natura e vendemos pouco industrializado para o resto do mundo. Muitos enxergam isso como fraqueza e eu enxergo como oportunidade. O Brasil é o 6º maior exportador de café para a China atualmente. E a pergunta que eu faço é ‘Como? Se somos o maior produtor mundial?’. É preciso estreitar as relações com a China, pois o país tem um grande potencial de consumir café industrializado do Brasil”, apontou.

Logística Reversa no universo do café

A ABIC tem com um dos seus pilares a questão da sustentabilidade e desenvolve iniciativas a fim de realizar o descarte adequado de todos os materiais. Para tratar do assunto, Christianne Monteiro, Nutricionista e Coordenadora de Projetos da ABIC, falou sobre o panorama atual da logística reversa.

“Vamos imaginar aquele consumidor que vai ao supermercado comprar o seu café e faz a escolha de acordo com o estilo que melhor lhe agrada. Em casa, ele despeja o pó na lata e joga fora a embalagem de café. Essa embalagem virou um resíduo. É justamente sobre isso que fala a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), da Lei 12.305/2010, e trata diretamente das diretrizes para o gerenciamento desses resíduos sólidos no país. A responsabilidade em tratar desses resíduos sólidos é compartilhada, ou seja, é de todos, ela envolve o setor público, privado e toda a sociedade a fim de dar um tratamento adequado”, citou.

A embalagem de café é de difícil reciclabilidade, ela tem essa característica pois tem como objetivo proteger o alimento, mantendo-o longe da oxidação, aumentando o tempo de prateleira e mantendo as características sensoriais do café. E esse é o primeiro grande desafio: encontrar uma embalagem que seja mais reciclável, mas que mantenha a proteção do café.

“Em 2023, a ABIC recuperou 8.350 mil toneladas de embalagens de café flexíveis através da logística reversa. Já em cápsulas, em parceria com o Yattó, projeto no Paraná, foi recuperado, de 2023 até agora, 3 toneladas. As embalagens podem ser transformadas em madeiras plásticas para fazer bancos, pallets e demais utensílios que podem ficar em ambientes internos ou externos, por exemplo”, compartilhou.

Vale lembrar que a ABIC tem um manual no site com todas as atualizações sobre datas de entrega dos relatórios de logística reversa a fim de ajudar os associados com esse compromisso com o meio ambiente.

Monicke Arruda, Advogada da Gerência de Meio Ambiente da FIEMG, complementou Christianne através da apresentação “Legislação sobre Logística Reversa no estado de MG”. “Nós temos o papel imprescindível de mostrar que a indústria está fazendo o seu papel no quesito da logística reversa. Entretanto, é preciso destacar que as empresas precisam ter cautela na hora de contratar companhias para gerir esse ponto no seu negócio para evitar possíveis irregularidades e até mesmo multa por descumprimento de prazos ou informações”, apontou.

Mudanças Climáticas e Descarbonização

Priscila Sette, Analista Ambiental da FIEMG, abordou as “Mudanças Climáticas e Descarbonização” no último painel do Seminário. A especialista tratou sobre os compromissos com a descarbonização, uma chave para um planeta mais verde, pois é o processo de redução das emissões de fases de efeito estufa, em particular, o dióxido de carbono (CO2), proveniente de atividades humanas.

“Minas Gerais foi o primeiro estado brasileiro a aderir as metas da campanha Race to Zero, do qual a FIEMG também foi signatária e tem por objetivo zerar as emissões liquidas de gases de efeito estufa. Ou seja, o objetivo é chegar num balanço. O valor que é emitido também deve ser compensado”, explicou.

A especialista destacou, ainda, que se adiantar nesse tema enquanto ele não é obrigatório possibilita: uma antecipação a futuros marcos regulatórios, inovações e novas tecnologias, ganhos ambientais, redução de custos a longo prazo, acesso às novas linhas de créditos e marketing verde.

De olho no futuro: Encafé 2025

Por fim, Celírio Inácio aproveitou a presença dos participantes e os convidou para o ENCAFÉ 2025, que será realizado de 23 a 25 de abril, em Campinas (SP). O tema principal será “O tema principal será “O futuro do café começa aqui”.

Compartilhar: