No dia 23 de agosto, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em parceria com o Museu do Café, realizou o webinar “Café Sustentável: do grão à xícara”. A ação foi ministrada por Paula Tavares, Consultora em Sustentabilidade da ABIC.
O bate-papo trouxe um olhar sobre todos os processos do grão, desde o plantio até o pós-consumo, com o objetivo de estimular o público a incluir produtos sustentáveis em suas rotinas. Na introdução do seminário, a palestrante afirmou querer incentivar os participantes a irem atrás de mais informações: “Desejo plantar uma semente para que as pessoas busquem dados por conta própria e amadureçam suas escolhas no que tange à sustentabilidade.”
Como tornar o café sustentável
A consultora lembrou que sustentabilidade não envolve somente a preocupação com o meio ambiente, mas também as pessoas, presentes em todas as etapas da cadeia do café: “É preciso valorizar a humanização das rotinas de trabalho, dar proteção, conforto nas atividades, e combater práticas como trabalho infantil”.
Projetos de preservação da água, insumo vital para o agronegócio, foram apresentados. Um deles é um tipo de tratamento de esgoto na zona rural, onde são tratadas águas negras, termo utilizado para o líquido originado do vaso sanitário. O processo é chamado “fossas verdes e ciclos das bananeiras”. O processo é chamado “fossa verde/ fossa de bananeiras”, onde a água é tratada gerando alimento (bananas e outros): “Este sistema pode substituir as fossas sépticas, comuns nas propriedades”, explica Paula.
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Outro tema tratado foi a utilização da terra na cafeicultura. O cafeeiro, por ser uma planta perene, rende frutos por grandes períodos, sem a necessidade de mudanças de solo. Dessa maneira, o desafio é aumentar a produtividade sem necessariamente elevar o uso do território, mantendo o solo sadio e reduzindo o uso de fertilizantes, os maiores emissores de gás carbônico. A especialista citou o conceito de agricultura regenerativa, um tipo de lavoura que propõe a produção e, simultaneamente, a recuperação do solo. A proposta visa a manutenção de toda a cadeia agrícola, incluindo as comunidades rurais e os consumidores: “Essa prática tem encontrado grande sucesso em várias partes do país e ajuda a preservar recursos hídricos.”
A sustentabilidade é rentável
Um dos principais pontos discutidos no seminário foi a afirmação que a preocupação com sustentabilidade traz retorno para a indústria, pois práticas ambientalmente conscientes costumam ser mais rentáveis. A otimização de transportes, por exemplo, reduz o uso de combustíveis fósseis, o que diminui custos e emissão de gases do efeito estufa.
Paula Tavares citou, também, o uso de abelhas nas cafeiculturas, por meio da “polinização assistida”, que além de tornar a lavoura mais produtiva, permite aos produtores reduzir seu impacto no meio ambiente, com manutenção de biodiversidade, não utilização de pesticidas e redução de emissões de carbono equivalente para cada tonelada de café produzido.
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O Papel da ABIC
A atuação da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) teve espaço na palestra, com o Programa Cafés Sustentáveis (PCS), lançado em 2007, que estimula o consumo consciente e, ainda, o programa de logística reversa para o recebimento e destinação ambientalmente correta de cápsulas de todas as marcas. A Associação possui um ecossistema para coleta, com Pontos de Entrega Voluntária (PEV) localizados em entidades parceiras, como o Museu do Café. Só em 2022, mais de 10 mil cápsulas já foram coletadas.
No encerramento, Paula declarou que a sustentabilidade deve ser uma pauta de toda a indústria, e também dos consumidores: “Ninguém faz nada sozinho, a cadeia toda deve trabalhar junta em prol desse ideal.”
Redação: Usina da Comunicação.