Santos, 31 de julho de 2.020 – ano 87 – número 31.
O mercado de café teve mais uma semana agitada e em alta. Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque, referência para os negócios, continuaram subindo com força e consistência. Os com vencimento em setembro próximo, que haviam somado 610 pontos positivos na semana passada, subiram mais 1050 pontos. Os preços na ICE foram subindo dia após dia, finalizando hoje com mais 360 pontos nos contratos para setembro, que fecham a semana valendo US$ 1,1895 por libra peso ou R$ 820,88 por saca de 60 kg.
As razões para essa escalada nas cotações em Nova Iorque são as mesmas da semana passada. As incertezas climáticas trazem muita insegurança aos operadores. Os estoques de passagem do Brasil, maior produtor, maior
exportador e segundo maior consumidor de café do mundo, em 30 de junho último, final do ano safra brasileiro 2019/2020, eram muito baixos, na prática zerados. Nossas exportações foram muito boas, recorde para um ano de ciclo baixo na produção – embarcamos 39,9 milhões de sacas de 60 kg, o segundo maior volume exportado pelo Brasil em um ano-safra, só perdendo para o que embarcamos em 2018/2019, 41,42 milhões de sacas de 60 kg. Para atender as necessidades brasileiras de café na exportação e em nosso consumo interno, tivemos de “varrer” os armazéns.
Neste novo ano-safra, de ciclo alto, operadores estão projetando que embarcaremos ao redor de 43 milhões de sacas (alguns chegam a falar em 44 milhões). Nosso consumo interno deverá ficar entre 21 e 22 milhões de sacas.
Portanto, chegaremos ao final de junho próximo, quanto terminará o ano-safra 2020/2021, novamente com estoques de passagem muito baixos e ai, o ano-safra 2021/2022 será de ciclo baixo. Não conseguimos mais formar um estoque de segurança e não podemos nem pensar em problemas climáticos sérios. Se tivermos uma quebra de safra, não teremos estoques de passagem suficientes para suprir com tranquilidade nossos importadores e nosso consumo interno.
A frente fria que subiu esta semana não trouxe danos para os cafezais brasileiros, mas aumenta a cada dia a preocupação dos cafeicultores com o estado pós-colheita desses cafezais. Agrava o quadro a informação que não teremos tão cedo chuvas suficientes sobre essas lavouras.
A sensação de crescimento na procura por café por parte dos traders e informações sobre crescimento no consumo no exterior, também ajudaram a impulsionar as cotações em Nova Iorque. Nesta semana executivos da
Starbucks e da Nestlé deram declarações otimistas sobre o aumento na demanda.
O mercado físico brasileiro apresentou-se firme, procurado pelos compradores. Os preços subiram ao longo da semana. As altas em reais foram sempre menores que em Nova Iorque. O interesse maior foi por lotes naturais de boa qualidade a finos. CDs foram menos procurados. Não se nota pressão vendedora, mas com a colheita avançando, aumenta dia após dia a oferta de lotes no mercado e o volume de negócios fechados. Os produtores continuam vendendo apenas o suficiente para fazer caixa para as despesas mais próximas, mas em ano de safra alta (e consequentemente
despesas altas) é bom o volume de café que começa a chegar ao mercado.
Até dia, 30 os embarques de julho estavam em 1.553.683 sacas de café arábica, 315.526 sacas de café conillon, mais 217.972 sacas de café solúvel, totalizando 2.087.181 sacas embarcadas, contra 1.585.727 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 30, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 3.020.043 sacas, contra 2.713.505 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 24, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 31, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 1055 pontos ou US$ 13,95 (R$ 72,78) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 24 a R$ 746,50 por saca, e hoje dia 31 a R$ 820,88. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 360 pontos. No mercado firme de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:
- R$600/650,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
- R$550/580,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
- R$520/550,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
- R$470/500,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
- R$450/470,00 – RIADOS.
- R$410/430,00 – RIO.
- R$410/430,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
- R$400/410,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
- DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,2170 PARA COMPRA.