O reaproveitamento de materiais descartados não somente beneficia o meio ambiente através da diminuição na produção de resíduos, como também reintroduz esses objetos na cadeia produtiva por meio da geração de valor. No universo do café, há inúmeros produtos que podem ganhar uma nova funcionalidade. O Jornal do Café conversou com duas artesãs que, cada uma à sua maneira, ressignificam o que muitas pessoas enxergam apenas como descarte.
Acessórios sustentáveis
Foi em uma viagem à Salvador que Lilia Vieira de Carvalho teve a inspiração de transformar cápsulas de café usadas em acessórios (cordões e brincos) e em objetos decorativos. Na ocasião, ela viu um quadro montado com o material, o que logo chamou a sua atenção: “eu sempre gostei muito de bijuterias e achava o colorido das cápsulas fantástico”.
A iniciativa deu certo. Hoje, ela administra a própria marca, batizada de Pano pra Lilia (@panopralilia). Para confeccionar os produtos a artesã recebe as cápsulas usadas de parceiros. Após retirar o pó de café manualmente (que vira adubo para as plantas da sua horta particular), ela higieniza o recipiente com sabão e alvejante. Posteriormente, as cápsulas são prensadas e moldadas, para, então, serem utilizadas na fabricação das peças.
Além de bonitas, as criações inspiram e contribuem com a causa sustentável. Os recursos no mundo em que vivemos são finitos e precisam de cuidados. O diferencial da marca é a reciclagem, pilar do qual ela afirma não abrir mão. A sua relação com a bebida foi construída em família. O café, a primeira palavra dita pela irmã enquanto apontava para o copo que a avó segurava, é o responsável pela motivação para iniciar bem o seu dia.
“É realmente um prazer realizar esse trabalho. Vejo a surpresa nos olhos dos clientes que não acreditam que aquele brinco ou colar são feitos de cápsula reciclada. As pessoas sentem gratidão em saber que conseguem dar um destino mais útil ao seu lixo”, pontua Lilia.
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Design com filtros de café
Para algumas pessoas os momentos difíceis da vida viram inspiração, força e criatividade. Foi assim com a eco designer Rosely Ferraiol (@roselyferraiol). Após perder tudo por problemas de saúde, resolveu olhar para o lado positivo da vida. Onde os outros enxergavam rejeito, ela viu arte. Assim, nasceu a ideia de transformar filtros de café em objetos de decoração. De luminárias belíssimas a buquê de flores, a artista provou que a versatilidade é um dos seus atributos.
Como os filtros usados não possuem conservantes, durante o processo de criação é necessário tratá-los para que o reaproveitamento seja possível. A artista também desenvolveu corantes especiais para trabalhar com o material, o que a possibilitou explorar a diversidade das cores. Com o objetivo de garantir material suficiente para a confecção, ela criou um projeto nacional de troca de filtros usados por novos.
“Essa ação impulsiona a capacitação, a geração de renda e o fomento à economia criativa. O filtro de café é uma mola propulsora para movimentar essa economia e difundir o processo de upcycling (uso de produtos, resíduos, ou peças aparentemente inúteis na criação de novos produtos, sem desintegrar a peça, numa função diferente para a qual o produto ou partes dele foram inicialmente projetados)”, explica Rosely.
A artesã também contou que possui uma relação íntima com o grão. Segundo ela, o aroma, o sabor e a magia do café são os responsáveis por toda a criatividade. Praticante do Wabi Sabi (estética japonesa que valoriza a imperfeição), é a bebida que a estimula no processo de criação!
O café é versátil, assim como muitos dos materiais envolvidos em sua cadeia. Reciclar é importante para diminuir o impacto do consumo no meio ambiente e conservar um planeta saudável. A ABIC apoia iniciativas sustentáveis. Apoie você também!