AFP / Raul ARBOLEDAOs preços do café não param de cair há dois anos e perderam quase 40% de seu valor desde o início de 2017
A Organização Internacional do Café (OIC) anunciou, nesta quarta-feira (25), a assinatura de uma declaração, por parte dos “principais torrefadores e distribuidores”, comprometendo-se com “a sustentabilidade” do setor cafeeiro mundial, sacudido por uma longa crise de preços.
Lançado em Londres durante a primeira edição do Fórum Mundial de Líderes da indústria cafeeira, o texto deve ser aprovado na 125ª sessão do Conselho Internacional do Café que acontece esta semana na capital britânica, informou a OIC em um comunicado.
O documento não está acompanhado de medidas concretas de aplicação.
Entre os signatários, estão algumas das maiores empresas do setor, como Illycaffé, Lavazza, Nestlé e Starbucks, e várias organizações que trabalham por sua sustentabilidade, como Fairtrade International, Global Coffee Platform, ou Rainforest Alliance.
A declaração, que cita “a atual crise de preços” e seu impacto na “viabilidade econômica dos produtores”, compromete os signatários a fomentar um crescimento responsável e justo com maior transparência do mercado.
Comprometem-se ainda a promover o consumo responsável com medidas que estimulem a demanda de café de origem sustentável, a aumentar a resistência dos agricultores diante de perturbações, a melhorar seu acesso a financiamento, a fomentar a pesquisa e o avanço das tecnologias de produção, assim como a prevenir o desmatamento e a degradação florestal.
“É a primeira vez que grandes atores do setor privado do café se unem para acertar a aplicação conjunta de soluções em um espírito de responsabilidade compartilhada, contribuindo assim para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável de 2030”, afirmou a OIC.
Os preços do café não param de cair há dois anos e perderam quase 40% de seu valor desde o início de 2017.
Colheitas abundantes e debilidade da moeda nos países produtores estimulam a venda e fazem temer que a queda de preços continuará.
No ano passado, em Londres, o Conselho Internacional do Café – organismo que reúne países importadores e exportadores – pediu que fossem tomadas ações para abordar a crise provocada pelos preços baixos, que ameaçam a subsistência de 25 milhões de pequenos produtores.
Segundo a Federação Nacional de Cafeicultores (FNC) da Colômbia, o mercado do café gera cerca de US$ 200 bilhões anuais em todo mundo. Os produtores têm acesso a menos de 10% deste valor.