O trabalho de pesquisa desenvolvido pela Embrapa Café em parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) resultou na indicação de sete novas cultivares de café arábica para o estado do Espírito Santo. São elas: IPR 103, Catucaí Amarelo 24/137, Catucaí Amarelo 2SL, Acauã/Acauã Novo, Araponga MG1, Catiguá MG1 e MG2, e Pau Brasil.
Além dessas, outras nove indicações já em uso e que mantêm a produtividade elevada também integram as indicações. Há ainda outras cinco que são consideradas promissoras, mas precisam ser avaliadas por um período maior de tempo para serem indicadas ou não.
O estudo “Indicação de cultivares de café arábica para o estado do Espírito Santo e avaliação comparativa com o conilon em altitude elevada” faz parte do programa de melhoramento genético de café arábica do Incaper, realizado juntamente com a Embrapa Café. O objetivo é disponibilizar informações sobre cultivares que reúnam as melhores características agronômicas para os cafeicultores do Espírito Santo, bem como informar sobre adaptabilidade e a estabilidade de produção, sempre considerando diferentes condições ambientais e sistemas produtivos adotados para o cultivo da espécie.
Especificidades das cultivares
As cultivares IPR 103, Catucaí Amarelo 24/137, Catucaí Amarelo 2SL são de adaptação ampla, indicadas para locais acima de 500m de altitude. Para os locais de temperatura amena e clima chuvoso/quente, geralmente abaixo de 800m de altitude, são indicadas a Acauã/Acauã Novo e a Araponga MG1. As cultivares Catiguá MG1 e MG2 também se adaptam a locais de temperatura amena e abaixo de 800m de altitude, mas com clima chuvoso/seco. E a cultivar Pau Brasil é indicada para locais de temperatura mais elevada e clima chuvoso/seco.
O documento também apresenta a avaliação dos profissionais envolvidos no cultivo da espécie em regiões de baixa altitude e temperatura elevada, como no nordeste do estado. Esse parecer mostra que a produtividade média das cultivares estudadas foi muito baixa, principalmente quando comparada com os locais de maiores altitudes e com temperaturas mais amenas. Sendo assim, não é recomendado o cultivo comercial do café arábica nessas condições, pois não há viabilidade técnica para a exploração sustentável da atividade.
Segundo Maria Amélia Ferrão, pesquisadora da Embrapa Café, “tais resultados fundamentam a indicação e a escolha de cultivares para a renovação de lavouras de café arábica ou para novos plantios, haja vista que a escolha da cultivar para plantio deve estar pautada nos resultados de pesquisas referentes à performance agronômica em diferentes condições ambientais, e no conhecimento da área e do sistema de cultivo que será adotado”
Ainda segundo a especialista, em muitas regiões do Espírito Santo verifica-se o agravamento de déficit hídrico e as alterações de temperaturas, com reflexos negativos na produtividade e na qualidade do café, além da ocorrência de pragas e doenças. Por causa disso, estudos relacionados à seleção e ao desenvolvimento de cultivares com adaptação e resistência a fatores bióticos e abióticos são prioritários para a cafeicultura capixaba e brasileira.
Café arábica no Espírito Santo
O estado é tradicional produtor de café e encontra-se na segunda posição no ranking nacional da produção da cultura, sendo o terceiro maior produtor de café arábica do país. Essa espécie de café tem grande importância econômica e social no estado, onde sua produção se concentra nas montanhas das regiões Nordeste, Serrana e Sul/Caparaó. Em 2020, a estimativa de produção foi de 4,76 milhões de sacas de café arábica, com recorde produtivo de 30,49 sacas por hectare.
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