História do café no Brasil: Século XX e o início da industrialização

A produtividade das grandes fazendas cafeeiras contribuiu de forma direta para o surgimento e desenvolvimento do setor industrial nacional. Confira!

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Crédito: Freepik
11/06/2021
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Ao tomar uma xícara de café quentinho logo pela manhã, o amante da bebida não imagina como o grão, presente na mesa de praticamente todos os brasileiros, foi e é fundamental para a história do país. Na segunda matéria da série de textos que a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) produz para contar a história do café no Brasil, você entenderá como ele contribuiu com o desenvolvimento da industrialização em território nacional.

Desde a chegada das primeiras mudas, no Século XVIII, até a sua contribuição para o desenvolvimento econômico e social do país, o grão foi fundamental para o início da industrialização nas principais regiões produtoras. A medida em que a demanda nacional e internacional aumentava, os chamados Barões do Café (Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, Joaquim José de Souza Breves e Luciano José de Almeida Valim eram os nomes que se destacaram no setor cafeeiro) entenderam que o investimento em infraestrutura e em novas máquinas seria uma solução para potencializar a produtividade.

Durante o Século XIX, quando as grandes fazendas de café se estabeleceram, principalmente, em locais como Rio de Janeiro e São Paulo, a mão de obra escravizada era a principal forma de garantir o plantio e a colheita. Embora existissem equipamentos que auxiliavam no processo de preparação do café, como o monjolo, pilão socador movido a água que descascava e retirava materiais indesejáveis, eles ainda eram rústicos e não conseguiam processar grandes quantidades de forma acelerada.

Informações disponibilizadas pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostram que durante a Primeira República (1889 e 1930) a formação de um capital inicial a partir do comércio exportador e das lavouras foi crucial para o início das atividades industriais em território nacional.

Bruno Bortoloto, Historiador e Pesquisador do Museu do Café, conta que o café participou do desenvolvimento da indústria nacional em duas frentes: “uma, a indústria relacionada a maquinários diretamente ligados à produção (beneficiadoras, secadoras e separadoras), assim como no desenvolvimento de uma sólida indústria têxtil que visava acabar com a dependência da sacaria de jutas inglesa, a qual utilizava matéria prima indiana e manufatura escocesa. Depois, em um segundo momento, o capital cafeeiro participou de maneira indireta, financiando indústrias na virada do século XIX para o XX”.

Desenvolvimento da infraestrutura

A produção agrícola não foi o único setor a ganhar investimento e a ser positivamente afetada pelo crescimento exponencial do mercado cafeeiro. O setor de transportes também foi impactado. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, a criação de ferrovias foi essencial para escoar toneladas de sacas de café para os portos e regiões mais distantes das fazendas.

“A modernização do Porto de Santos e a construção do Palácio da Bolsa Oficial de Café são importantes marcos históricos do grão à nível nacional. A modernização do Porto de Santos ocorreu em um momento em que o porto paulista ultrapassava o da então Capital Federal Rio de Janeiro em número de sacas exportadas. Desde esse momento, Santos nunca mais deixou o lugar de principal porto exportador da rubiácea. O palácio da Bolsa, construído em 1922, é, até hoje, considerado o principal exemplar arquitetônico do estilo eclético e construído como fausto da economia cafeeira. É, inclusive, o único exemplar do tipo reconhecido pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Artístico Nacional como Patrimônio Nacional”, complementou Bruno.

Organização e consolidação do setor cafeeiro

Um dos órgãos que mais se destacou com o objetivo de organizar o mercado nacional de café foi o Instituto de Defesa Permanente do Café, fundado em 1922, que defendia os interesses dos produtores e dos industriais. Posteriormente, surgiram outras entidades que  se guiavam por tais valores para atuarem em diversos estados do país. Entre elas, o Instituto do Café de São Paulo (1924) e o Centro Industrial do Brasil (CIB), criado em 1904.

O investimento dos cafeicultores e dos empresários do café na industrialização e na infraestrutura aproximou esses atores do âmbito político. Vistos como “representantes dos novos tempos”, as suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil eram perceptíveis e um caminho sem  volta. A partir desse momento, o grão, também conhecido como ouro negro, se tornou um dos principais motores econômicos para o crescimento da nação.

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Redação: Usina da Comunicação

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