As marcas e organizações globais de café endossam o programa inovador liderado pelo Consórcio Cerrado das Águas
Patrocínio, Minas Gerais, 13 de agosto de 2019 – Começará este mês um programa inovador de investimentos climaticamente inteligentes visando preservar a biodiversidade e o fornecimento de água na Região do Cerrado Mineiro, única Denominação de Origem para cafés no Brasil, importante fornecedora de cafés de alta qualidade, responsável por 12% da produção nacional de café.
A iniciativa é do Consórcio Cerrado das Águas, uma plataforma de diferentes atores (produtores, marcas de café, ONGs ambientais locais e globais) cujos esforços resultaram na fundação de uma organização legalmente independente com um time altamente especializado para promover o desenvolvimento ambiental através da restauração, agricultura climaticamente inteligente e gestão eficiente de recursos hídricos. Baseado no apoio inicial da UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza e Nespresso, as principais marcas de café, Nestlé e Lavazza, e a cooperativa Expocaccer se uniram para firmar um compromisso de cinco anos, para apoiar o Programa de Investimento no Produtor Consciente que reúne de forma coordenada estas três frentes de trabalho visando a melhoria da oferta e provisão de serviços ecossistêmicos de regulação (saúde da água, solo, estoque de carbono entre outros) afim de alcançar a resiliência ou blindagem climática de uma paisagem ou território.
No área piloto, o Córrego Feio em Patrocínio, o Consórcio planeja investir na proteção dos ecossistemas naturais encontrados em aproximadamente 124 propriedades ao longo da bacia, a única a abastecer o maior município produtor de café no Brasil e um caso grave de escassez e conflito hídrico “O novo programa de investimentos fornecerá incentivos financeiros e expertise para que todos os proprietários de terras tornem seus ativos ambientais cada vez mais saudáveis e produtivos nessa importante bacia hidrográfica”, disse Giulia Carbone, Diretora do Programa de Negócios e Biodiversidade da IUCN. “Os proprietários serão literalmente e na prática os gerentes dos ativos ambientais, e suas decisões para proteger os serviços chave de ecossistemas – como florestas e rios – contribuirão diretamente à recuperação da paisagem do Cerrado.”
Este ano, as empresas se comprometeram com o investimento de US$100 mil para financiar o time do consórcio. Além disso, em 2019, o Consórcio recebeu um subsídio de US$400 mil do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) para implementar o programa. Este foi o maior subsídio, já concedido pelo CEPF, que conta com exigente doadores como a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), União Europeia, Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), Governo do Japão e Banco Mundial.
“O Consórcio Cerrado das Águas demonstrou porque as empresas precisam adotar uma abordagem em longo prazo e contribuir para a paisagem mais ampla onde trabalhamos. Da mesma forma, o setor público tem que se comprometer a assegurar que essas soluções inovadoras sejam aumentadas e capazes de entregar benefícios duradouros à população da região.” Segundo Mario Cerruti, Diretor Global de Relações Institucionais e Sustentabilidade na Lavazza.
A Federação dos Cafeicultores do Cerrado, entidade que protege, promove e controla a Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro, local de atuação do Consórcio Cerrado das Águas apoiou a captação do recurso junto do CEPF e atuou como Secretaria Executiva do Consórcio nos últimos 4 anos . “Os produtores da Região do Cerrado Mineiro são comprometidos com a sustentabilidade do território em que estão inseridos, o Consórcio Cerrado das Águas é um projeto que veio ao encontro desse comprometimento e da consciência ambiental que sempre esteve presente no Cerrado Mineiro.” – explicou, Juliano Tarabal, Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
“Promover a recuperação e conservação dos serviços ecossistêmicos como um seguro contra a mudança climática nessa paisagem importante é um objetivo chave do programa de investimentos”, disse Guilherme Amado, gerente da Nespresso no Brasil. “No local piloto de Patrocínio, onde todo o município e os cafeicultores dependem dessa única bacia, os produtores também terão uma visão clara da degradação dos serviços ecossistêmicos em suas propriedades, e receberão conselhos profissionais e financiamentos para torná-las resilientes ao clima.” Todos esses esforços são críticos para recuperar a paisagem e suas cadeias de valores. O programa está estabelecendo novos paradigmas para importantes frentes de conservação como a restauração de vegetação nativa. Conforme Peggy Poncelet, Diretora do CEPF -“O objetivo é alcançar uma restauração de vegetação nativa 100% livre de químicos, a um custo 85% mais baixo do que o custo praticado atualmente no Cerrado Mineiro, que é uma área global crítica para a perda de biodiversidade. As parcerias com os laboratórios agroecológicos locais e a EMATER ajudarão a testar novas tecnologias para reduzir a incidência das ervas daninhas e pragas.”