Santos, sexta-feira, 20 de março de 2020
A semana foi marcada pela necessidade de milhares de empresas, e muitos milhões de pessoas em todo o mundo, se adaptarem rapidamente a medidas restritivas jamais vistas para enfrentar a pandemia do coronavírus (covid-19). Governos do mundo todo encontram dificuldades para reagir ao vírus e adotam medidas como proibição de viagens, sérias restrições ao transporte de massas e confinamento obrigatório, ao mesmo tempo em que anunciam grandes pacotes para respaldar a economia. Analistas consideram que a covid-19 está mudando o mundo e acelerando um movimento que já era irreversível: a passagem definitiva para o virtual.
A economia está parando e deveremos ter uma recessão mundial. Mercados e bolsas globais derreteram, instalando o pânico entre operadores e investidores. Assombradas com a possibilidade de uma recessão global, aparentemente inevitável, nações ricas estão liberando bilhões de dólares em estímulos para as economias, auxílio para os serviços de saúde, empréstimos para negócios ameaçados e ajuda para pessoas físicas.
Nesse quadro dramático, o café acabou tendo uma semana positiva, em alta. Os estoques mundiais são baixos – nos países produtores praticamente não existem – e os grandes compradores, acostumados com uma oferta ampla até pouco tempo atrás, se habituaram a trabalhar com estoques menores e um fluxo constante de matéria prima chegando regularmente aos seus armazéns.
Os preços baixos pagos aos cafeicultores não estimularam um aumento de produção que acompanhasse o crescimento do consumo mundial. O avanço do desequilíbrio climático, ano após ano, também dificultou o aumento da produção. Nesse cenário, o Brasil, maior produtor mundial, responsável por aproximadamente 36% do consumo global, assistiu à quebra da sua produção no atual ano-safra e, para cumprir seus compromissos, acabou praticamente zerando os estoques de passagem. Agora, chega uma pandemia que põe em risco os embarques regulares do Brasil, além de trazer problemas de mão de obra para a colheita da safra 2020/2021, de ciclo alto. Os trabalhos de colheita coincidirão com os meses de pico da epidemia no País.
Se juntarmos ao descrito acima o anúncio esta semana da ICE Futures US, a bolsa de Nova Iorque, de que, em razão da epidemia de coronavírus, pode não ter condições de certificar os estoques físicos a tempo do vencimento do contrato de maio próximo, atualmente o mais negociado, e a ameaça de paralisação, afastada no curto prazo, dos trabalhadores no Porto de Santos, responsável por mais de 80% dos embarques brasileiros de café, fica clara a alta dos preços do café.
Os contratos de café na ICE Futures US subiram forte essa semana, acumulando 1.295 pontos de alta no período. O dólar também trabalhou em forte alta frente ao real, e assim tivemos mercado firme e comprador todos os dias.
Os preços subiram no mercado físico, principalmente para os arábicas de boa qualidade a finos da safra atual. Esses cafés foram negociados a até R$ 600,00. O volume não foi expressivo devido a escassez de café ainda em mãos de produtores e também porque compradores e vendedores agem com cautela devido ao quadro volátil, instável, da economia brasileira e mundial. Muitos compradores estão trabalhando com equipe reduzida devido à epidemia de coronavírus. Muita gente está trabalhando em casa, o que dificulta a comunicação e a agilidade dos negócios. Estamos no início da epidemia e nas próximas semanas o número de empresas trabalhando com equipe reduzida ou em home office vai crescer bastante. A cada dia aumentam as proibições de circulação e reuniões. A tendência é o mercado físico ficar ainda mais lento.
A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.519.347 em 29 de fevereiro de 2020. Uma baixa de 150.126 sacas em relação às 6.669.473 sacas existentes em 31 de janeiro de 2020.
Até dia 19, os embarques de março estavam em 1.043.435 sacas de café arábica, 41.073 sacas de café conilon, mais 55.576 sacas de café solúvel, totalizando 1.140.084 sacas embarcadas, contra 1.193.399 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 20, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 2.191.119 sacas, contra 2.276.987 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A Bolsa de Nova Iorque (ICE) do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 20, caiu, nos contratos para entrega em maio próximo, 1.295 pontos ou US$ 17,13 (R$ 86,10) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam, no dia 13, a R$ 680,06 por saca, e hoje, dia 20, a R$ 795,81. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio, a Bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 700 pontos. No mercado firme de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2019/2020, condição porta de armazém
R$610/650,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$560/600,00 – FINOS A EXTRA FINOS – MOGIANA E MINAS.
R$530/560,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$490/510,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$460/480,00 – RIADOS.
R$430/450,00 – RIO.
R$400/420,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$380/400,00 – P.BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADAS.
DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,0260 PARA COMPRA.