Primeira pesquisa sobre o tema com abrangência nacional mostra que 60% das empresas entendem que a prática pode gerar empregos. Resultados serão apresentados em seminário nesta terça-feira (24), em São Paulo.
Mais de três quartos das indústrias – 76,4% – adotam alguma prática de economia circular no país, mas a maior parte não sabe que as iniciativas se enquadram nesse conceito. É o que mostra pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI), produzida junto à base industrial brasileira, que será apresentada nesta terça-feira (24), no Encontro Economia Circular e a Indústria do Futuro, em São Paulo. A economia circular engloba ações que resultam no aumento da vida útil de produtos e materiais, a partir do uso mais eficiente de recursos naturais.
De acordo com os números, 70% das pessoas responderam não ter ouvido falar sobre economia circular antes da pesquisa, embora a maior parte já desempenhasse práticas relacionadas ao tema em suas empresas. Um dado ressalta a importância estratégica do assunto. Como a pesquisa teve um caráter esclarecedor, ao fim do questionário, 88,2% avaliam a economia circular como importante ou muito importante para a indústria brasileira.
A indústria, por exemplo, já tem avançado em práticas como o reúso de água, a reciclagem de materiais e a logística reversa, que contribuem para o uso mais eficiente de recursos, a redução de custos e a sustentabilidade do meio ambiente e da atividade produtiva, mas ainda há um enorme potencial a ser explorado para que o país seja protagonista no uso eficiente de recursos naturais.
“Esse é o caminho para a inserção do país na economia de baixo carbono. Para isso, é imprescindível a ação articulada entre iniciativa privada, governo, academia e sociedade no sentido de criar novas formas de produzir e consumir”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
EMPREGO E COOPERAÇÃO – Segundo a pesquisa, 60% das indústrias entendem que as práticas de economia circular podem contribuir para a geração de empregos na própria empresa e/ou na cadeia produtiva do setor. Para tanto será necessária uma ação coordenada entre governo, empresas e consumidores, conforme os resultados da pesquisa: 73% consideram que a transição para a economia circular deve ser uma responsabilidade compartilhada.
Quando perguntados sobre a primeira palavra que vem a mente ao ouvir falar o termo economia circular, os empresários e representantes das indústrias mencionaram, em sua maioria, as palavras “sustentabilidade” e “reciclagem”.
EFICIÊNCIA E FIDELIZAÇÃO – A pesquisa revela também que a maioria das empresas que adotou práticas de economia circular foi motivada pela busca por maior eficiência operacional, com 47,3% das respostas. Na sequência, aparece como razão a oportunidade de novos negócios, com 22,6%. Aliar eficiência a novos modelos é imprescindível e necessário para a sociedade ser mais sustentável e acabar com o que chamamos de “lixo”, de forma a considerar todo o material utilizado no dia a dia como recurso útil e reutilizável.
“Sustentabilidade” e “reciclagem” são as primeiras palavras que vêm à mente dos entrevistados quando o assunto é economia circular
A redução de custos é outra motivação para empresas que adotam práticas de economia circular, segundo 75,9% dos entrevistados. O percentual é idêntico aos que responderam que suas empresas utilizam a matéria prima ao máximo, sem desperdícios. Outro dado interessante diz respeito à quantidade de empresários – 72,4% – que consideram que a economia circular pode ajudar a fidelizar o cliente.
“No Brasil, para que lógica circular se realize, será necessário maior investimento em educação e inovação. Em um primeiro momento, as empresas terão de investir, mas em uma etapa seguinte será possível diminuir custos operacionais, por meio de processos mais eficientes e voltados para o reaproveitamento de resíduos e utilização de bens reciclados”, destaca o presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Marcelo Thomé.
METODOLOGIA – A pesquisa realizada pela CNI usou amostra de 1.261 empresas industriais da área correlacionada ao tema, escolhidas de forma aleatória, considerando a abrangência nacional. O campo foi feito com 170 indústrias. A margem de erro é de 5,5% para mais ou para menos.